Um Vulto Na Multidão
Astir*Carr
Caminho anônima no meio da multidão...
Não vejo rostos... vejo sombras que passam
Também não sou vista...sou apenas mais um vulto.
Não ouço uma voz...ouço murmúrios...
Na longa procissão da humanidade, caminho.
Mas o meu olhar busca o teu...perdido.
Sei que existe... sim está em algum lugar...existe...para mim
Existe para minha felicidade... ele existe.
Mas há séculos não o vejo...que brilho terá agora?
A poeira do tempo tenta apagar minhas lembranças... não permito. Não permito.
Essa luz... é como a luz da minha vida...
É minha esperança... minha guia.
Minha realidade, minha fantasia.
Cofre onde guardei todo meu amor um dia.
Porto onde ancorei o meu navio, para repouso dos mares.
Aquele encontro que aconteceu um dia
Aqueceu a minha alma fria
Dando razões de vida e alegria.
Volta para mim foi a frase que ontem eu lia
Sacudindo os trilhos onde eu dormia.
Vi de relance o olhar que me pedia
E ao mesmo tempo, com surpresa e alegria
Eu não pude atender o que ali continha.
Não tenho como voltar...digo isso com um soluço
Não posso contrariar tão poderosa lei
Não posso voltar, quase gritei...
Como voltar para um lugar
De onde nunca me afastei?