Em noite de dor aguda
A chuva amplifica o rancor
Cada gota se queda muda
Vela a alma em amargor
Sob a fria carne desnuda
O poeta sofre de supor
Que o fim nada muda
Não há libertação do terror
Nem cura, calor ou ajuda
Só a sua verve pontiaguda
Sua pele triste, sem cor
Seu lábio frio e pecador
Sem bem que lhe acuda
Sem paixão que lhe iluda
Só mesma solidão e desamor