Destripada
Usada, corrompida e descartada, se lançou ao mar
em um barco de papel rumo ao fim encontrar.
Uma imensa tempestade engole o seu barco,
ela não se desespera, não se mexe, apenas cai
na água e tenta boiar.
Um infinito de algas a prende e começa puxa-la
para baixo, e por mais que tentasse, não iria
conseguir se soltar, então nem tentou.
Um monstruoso redemoinho se forma com ela
bem o centro, cortando as algas com seus
dentes ferozes se solta.
Tudo do fundo do mar sendo arrastado para o
centro, a areia, pedras, lixo e tudo mais vão se
grudando, juntando ao seu corpo.
Aquilo tudo se agarrando ao seu órgão vital,
ela se transforma em um gigantesco monstro.
O monstro se levanta e vê as luzes da cidade,
caminha até ela para engolir, destruir todos.
A chuva aperta, a chuva aumenta e vai limpando
todo aquele rancor, enquanto ele vai caminhando
até a cidade.