Valdi Rangel
O rio pede o seu espaço
Ele quer se deitar na grande cama da terra
Que lhe foi roubada
Como retroescavadeira
Ele mesmo faz a sua estrada
E deságua...
Seu percurso é o mar
Ele quer ouvir o Maracá
As Maracanãs a voar
Os peixes a nadar
Ele quer o seu lugar
Somente o seu lugar
Quer descer das alturas
E ser cachoeira
Quer ser estrada ligeira
Para as canoas
Ele quer o seu lugar
Somente o seu lugar
Quer margear as tribos
Ser visitado pelo sorriso e o canto dos nativos
O rio pede espaço
Pede abraços pede caminho
Para os seus passos
Ele quer o seu lugar
Somente o seu lugar
Ele precisa viver
Sem o veneno do mercúrio
Límpido e puro
Cansou de ser turvo
Quer ser o berçário Límpido
Dos peixes em apuros
O rio pede o seu espaço
Devolva-o!