CANTO SOLITÁRIO

 

Essa poesia trata da dificuldade enfrentada, pelo sertanejo da região nordestina do Brasil. Principalmente os mais necessitados.

 

Ela está também, na página de ÁUDIOS, aqui do Recanto das Letras.

 

 

Valdir Rangel

 

 

CANTO SOLITÁRIO

 

 

A boca que canta a solidão

 

É a boca que canta

 

o sofrimento das outras bocas

 

Canta a dor do irmão

 

Na beira da lagoa seca de água

 

Que não tem uma gota sequer

 

Para lavar uma lágrima

 

Para afogar a desigualdade

 

e a mágoa

 

Na solidão imposta aos homens

 

Nos sertões das mordaças

 

Que cala a voz, emudecendo a fala

 

 

 

Boca que canta somente

 

Uma canção solitária cheia de silêncios

 

Ouvidos na poeira das estradas,

 

Numa viola de sonhos já desafinada

 

Do cantador poeta vivo/morto que rimava

 

Cantando versos nas suas dores

 

Num repente que não serve mais de nada

 

 

 

Canta boca de sofrimento essa solidão

 

Na tua triste canção, mesmo em vão

 

Ela vai trazer um dia a reflexão

 

Por fazer tanta zoada

 

Pé esquerdo que avança atrás do direito

 

Protegendo a tua terra amada

 

Da poeira tóxica doentia, que enterra

 

As cruzes humanas às margens das estradas...

 

 

#MEMORIAL RECANTISTA 

#NÃO DESISTA