Nas brumas frias da memória antiga,
Indago onde se esconde aquela amada
Que outrora habitou minha vida afetiva,
Mas agora se perdeu, desvanecida.
Será que o fado cruel a transportou
Para longe de meus olhos e meu ser?
Ou a vida, impiedosa, a arrebatou
E a depositou noutro mundo a percorrer?
Sinto saudade e vago na solidão,
Pois a paixão que um dia me incendiou,
Hoje, apagada, deixou-me em confusão,
E apenas lembranças restaram do amor.
Na memória, um palácio de fragmentos,
Lá repousam pedaços de nossa história,
Rendidos à efemeridade do tempo,
Aguardando eterna, inquebrada glória.
Mas será que, lá onde ela agora está,
Recorda-se dos momentos que vivemos?
Ou outros rostos cruzaram seu caminhar,
E os meus se perderam, como cinzas ao vento?
Ah! A angústia que me devora a alma,
Na incerteza, em meio à ausência vivida,
Nesta jornada solitária e calma,
Pergunto-me: lembrar-se-á desta vida?
Porém, apesar da dor e do desenlace,
Encontro paz nas recordações queridas,
Pois, mesmo quebradas, guardam seu traçado,
E mantêm viva a chama das despedidas.
Assim, nesse paradoxo da saudade,
Busco respostas no mar da incerteza,
Na busca incessante pela verdade,
Entre as brumas que encobrem a beleza.
Que a ausência alimente meu pensamento,
Enquanto a incerteza me consome o peito,
E que a memória seja meu alento,
Aguçando a esperança de um reencontro estreito.