A beleza na vida das pessoas
me torna feio.
E esse é o argumento que
desenho sobre o meu próprio
rosto. Me esquivando dos
pensamentos, jogando a
responsabilidade para outro,
fugindo das verdades a cada
momento.
Há muitos anos caminho assim,
um pouco fora das linhas
horizontais. Explorando
esboços de rotas abandonadas,
mentindo que sei interpretar
os sinais, que estou na frente
de todos mas ainda estou
perdido aqui atrás.
Na verdade, permanecer distante
me deixou mais leve, até menos
arrogante. Soltando as fantasias,
escolhendo as feridas, evitando
ser só mais um amante.
Talvez eu esteja me enganando,
confortando a ilusão. Talvez eu
nem faça parte da história ou
de uma página mencionando
glória. Talvez eu seja um dos
pontos finais das linhas iniciais.
Talvez eu seja só mais um.
E olhando para o mapa da vida,
percebo que não estou em
lugar algum.