O ciclo em que vivo é o espiral
de uma mola jogada no chão.
A cada volta eu me abandono.
Fico sentado em um lugar que
nunca fui, ouvindo as ondas de
um mar que nunca conheci,
fingindo respirar um ar solitário
com um pôr do sol que não é
capaz de me iluminar.
Por aqui, é como se já estivesse
me afogando. A imaginação
como barco da realidade.
E lá vai. Perguntando nos
cantos da memória, revirando
anotações, tentando recriar
sensações melancólicas típicas
de um dia meramente especial.
Como uma composição que
ignora o instrumento, um relógio
que não aprendeu a marcar o
tempo, a mente separada do
corpo, do sentimento.
E assim como a ponta da
mola, estarei enterrado em
mais algumas voltas.