Beira

O som das ondas não é mais o mesmo, já faz algum tempo. Talvez, porque elas pararam de cantar.

Desde que a lua se afastou, não há motivos para a água refletir, não há direção para fluir.

Eu fiquei na beira, depois de atravessar uma guerra, descansei. Mas optei por estar lá, pois, no começo, havia paz.

Infelizmente, seus tiros soavam iguais aos tiros deles, eu não poderia distinguir. Tão pouco poderia saber se sua intenção

também era me atingir.

Por aqui, sentei para terminar o que restou da vida. Talvez adiar, talvez atrasar, enrolar algumas linhas.

Quem sabe as ondas apareçam para me levar. Quem sabe a lua volte a brilhar.