Esse é o momento o qual reúno as sobras do silêncio e coloco mais peças na criação da solidão.
Essa é a hora em que finjo me abraçar, como se fosse suficiente para consolar as indignações que carrego desde sempre.
Essa é a frase que escrevo para revelar segredos e destravar os medos que cercam a minha ação.
E, novamente, me encontro no fim de uma rima, raciocinando como esse amontoado de pensamentos podem resolver ao menos um lamento que me corrói aqui por dentro.
Talvez, eu deva desligar o que me consome. Talvez, eu deva abandonar o que me move, me soltar desse caminho e deslizar para a escuridão.
Mas, não. Não consigo deixar de contar os arrependimentos, como conto as gotas que caem do cano, avisando que a chuva cessou e algo por ali, transbordou. Muito parecido comigo, muito parecido com o que sinto.
E tentando terminar o que comecei, percebo que sou capaz de me sabotar incansavelmente, mas isso não é surpreendente, afinal, é dessa forma que alimento o vazio da minha mente.