O povo brasileiro está com fome,
Com fome de justiça e segurança,
Com fome de trabalho e de esperança,
O pobre já faz tempo que não come.
O rico já faz tempo que consome,
Desenfreadamente, na lambança
E sem nenhuma culpa na balança.
Toda fome tem nome e sobrenome.
A fome que corrói tanta barriga
Não dói na consciência do bom moço
Que não perde seu tempo nessa briga.
O povo acostumou-se sem almoço,
E o silêncio covarde não o instiga
A tirar essa corda do pescoço!