Nas épocas de seca morre o sonho,
surgem os retirantes, sem destino,
sem esperança... e em cada olhar tristonho
fulgura a prostração de um nordestino.
Atroz cenário, bárbaro e medonho,
mata o amanhã até do pequenino,
instiga a dor nos versos que componho,
reforça todo assombro que imagino.
Na vida, nunca o "sim", somente o "não",
de noite, a escuridão sem um luzeiro,
e a fome castigando o tempo inteiro!
São vultos, à procura de outro chão,
que avançam no horizonte de um talvez,
fugindo do fantasma da aridez!
Janete Sales Dany
ATIVIDADE
FÓRUM DO SONETO
TRILHA DE SONETOS LXXVII–
DIÁLOGO COM A PINTURA
“RETIRANTES - 1944",
de Cândido Portinari