SOBREVOO

Eram deuses no templo aceitando oferendas...

Eram retas no espaço, sentidos opostos

Eram poses nas fotos, eram mares, eram rios...

Eram vidas unidas, eram mundos vazios...

Seja o gado estourado, seja a queda da água,

Seja o sol de amanhã, seja o pouco do nada

Seja o tudo do pouco, seja o quase do fim

Seja o são, seja o louco, seja um pouco de mim...

Tão distante do perto

Tão igual ao espelho

Tão real quanto incerto

Tão sutil... qual guerreiro...

Mostre a uva do vinho, mostre a pedra do tombo

Mostre o ramo do ninho, mostre o reio no lombo,

Mostre o não que consente, mostre o sim que proíbe,

Mostre a dor que se sente, mostre a mão que agride.

Segue o raio da luz, pegue a sombra da ave,

Ouça o grito que dói, o fim da eternidade...

Segue o instinto felino, seja a fome da fera

Siga em frente, caminhe, seja a pedra que espera.