FATAL REVÉS

Altas marés, vis e miseráveis

donde navegara a vida inteira.

Vazia cavidade da caveira,

eventos profanos e palpáveis.

Afrontara apogeus invernais,

sempre tão frios e desprezados.

Abatidos corações necrosados,

continuam ancorados no cais.

Expressa jornada destemida,

a qual tivera a rota invertida,

guiada rumo ao fatal revés…

De gigantes geleiras, desvio,

mas uma resvala em meu convés

e naufrago no oceano bravio.

© Ismael Marck em “Arrebol Acromático”,

1ª edição, 2020 — publicação independente.