O presente texto adveio dum sentimento, que me inspirou o pensamento e o olhar.

Vinha eu caminhando pela minha rua, e ao olhar paras as calçadas, a natureza me soou com o seu horário das flores...

-Ainda é verão...fim do carnaval...tempo de quaresma para os católicos.

Olhei para o céu, e pude me deliciar com o roxo impecável das belíssimas “Quaresmeiras” contrastando com o turquesa celestial...

Um recanto de beleza...e oração.

Mas quantos cantos há nas “nossas ruas”, além do canto perene dos pássaros do tempo?

Por aqui, há o cantinho dos efêmeros e belos Ipês Amarelos, o das“Patas de Vaca ”, o das Acácias, o dos Lírios brancos, o dos Suinãs... todos logisticamente a aguardar a sua hora de reflorescer e encantar...

Foi então que me senti acolhida!

Nunca estamos sozinhos.A beleza sempre nos faz companhia! Mas há que se ter olhos e coração.

A quântica da Natureza e do tempo que a recicla é perfeita!

Ensina-nos a esperar.

É tempo das Quaresmeiras. O roxo é a bola da vez! Mas timidamente as Acácias pedem licença para florescerem o seu belíssimo amarelo, cá ou acolá!

Então, enquanto isso, os Ipês descansam, pois seria redundar nas cores.

Guardam consigo a beleza da primavera vindoura, que lentamente nos avisa, por entre seus galhos aparentemente secos, que as flores estão chegando, para o próximo baile dos jardins...

As “Pata de Vaca” recolheram os seus encantos florais , e agora enfeitam a rua com o verde das folhas que murmuram o seu canto à brisa...

E os pássaros respondem...

E logo mais explodirão nesse maravilhoso e universal relógio das flores!

Existe também um cantinho de flores que me são anônimas.Desconheço o seu nome.Mas nem por isso menos belas!

Às vezes páro para perguntar e percebo que se assustam porque sequer foram notadas...

Talvez esteja eu aqui pensando e descrevendo o óbvio.

Mas observem, a mensagem subliminar da vida é sempre muito forte.

Assim como a natureza, nós também reciclamos nossas cores e nossas flores!

E a cada cor que volta, retornam o conforto, a beleza e a esperança.

Porque o que foi plantado, um dia será colhido no tempo.

Basta saber esperar.