É bom poetizar. Sentir a vida. Avaliar a morte.
Porém, tão sofrida é a alma do poeta,
Justamente por sentir com mais intensidade.
Existirão fatos mais tristes e comuns
Do que crianças exploradas e famintas,
Objetos instrumentais dos pedintes,
E idosos desprezados e pobres
Nas calçadas, nas sarjetas, no lixo,
Vítimas da violência bestial dos homens?
Matam-lhes a matéria, as almas, os espíritos
Numa sociedade mesquinha e egoísta
São realidades por demais doídas,
Contrárias ao Grande Plano Universal.
São dores que atingem implacavelmente
A alma sensitiva do poeta.
Poeta, sensível é o teu íntimo ardente
Porquanto somente a ti é dado o direito
De sentir integralmente os efeitos
Que trazem a alegria e a dor.
Ainda que em rápidos e efêmeros instantes.
Ou então para momentos eternos.
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Do livro “Caminhos Mais”, Edição da autora, Teresina, 1995, página 17.
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