Jesus disse muitas coisas de difícil compreensão, as quais nos levam a especular sobre o seu significado. Entre elas a frase que se tornou um provérbio popular, embora deturpado na sua reprodução, em que disse que: “Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos.” Lc. 13:30. Que isso quer dizer? Vejamos:
Encontramos três textos semelhantes nas Escrituras e que pretendem reproduzir as falas de Jesus referente ao tema, são eles:
“Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.“ Mt. 20:16.
“Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.“ Mc. 10:31.
“Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos. “ Lc. 13:30.
Embora não haja harmonia nos textos, entendemos que o objetivo deles é um só. Isso porque no texto de Mateus ele foi mencionado a seguir a recompensa que o senhor de uma vinha deu aos assalariados contratados para trabalhar nela. O senhor que contratou o serviço deu salário igual aos contratados pelo trabalho efetuado, embora não tenham eles trabalhado igual numero de horas. Aliás, os últimos contratados o foram na hora undécima, ou seja, faltando uma hora para o por do sol.
Assim, eles só devem ter trabalhado uma hora. Entretanto os primeiros contratados o foram para um dia todo, pois o senhor saiu de madrugada para contrata-los. Também ele contratou a outros. Uns pela terceira hora, outros pela sexta hora e outros pela nona hora.
Outrossim, o acerto de contas foi feito a começar pelos que foram contratados por último. Assim, os que foram contratados por primeiro não acharam justo terem trabalhado mais e receberem o mesmo que os que só trabalharam uma hora, e reclamaram ao senhor da vinha, apesar de ter sido combinado previamente o salário da jornada deles. O Senhor da vinha lhes perguntou se ele não podia fazer o que queria com o que era dele. Também perguntou-lhes se ele não havia combinado previamente o salário deles. Assim, mandou que eles pegassem o que era deles e se retirassem.
Ora, o galardão ou recompensa dos justos será igual independentemente do tempo trabalhado. Eles receberão três coroas: de justiça, de glória e de vida eterna.
O texto de Marcos foi precedido do texto a seguir:
“Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.” Mc. 10:29 a 30.
Há muitos que tomam esse texto como uma promessa de cem vezes nesta vida em coisas materiais, e não atentam que a promessa é relativo a perseguições. Isso digo porque, para seguir a Jesus, é necessário deixar tudo, inclusive casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, etc., renunciando até a própria vida.
Entretanto no texto de Marcos, por essa tradução que eu usei para discorrer sobre o tema, diz: “Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros.“ Mc. 10:31.
Eu diria que a parte final do texto precisa ser revista. Melhor seria que após o primeiro período fosse “e últimos, primeiros”, e não “os últimos, primeiros”. Pois, se fosse como está no texto, então todos os últimos seriam primeiros. E isso afirmo porque o texto quer dizer que muitos que foram ou que são primeiros, ou seja, que estão em destaque na obra de divulgação do reino dos céus, poderão vir a ser últimos, ressuscitando por último, ou seja, na segunda ressurreição, a dos injustos.
Assim, o texto de Lucas está fiel, pelo menos nesse aspecto, veja:
“Contudo, há últimos que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos. “ Lc. 13:30.
Portanto, muitos que hoje são como últimos na obra de divulgação do reino dos céus, poderão vir a ser primeiros, ou seja, ressuscitar na primeira ressurreição. E isso se forem fieis a palavra de Deus, os seus mandamentos, que pode ter sido retransmitida por aqueles que hoje são os primeiros ou os principais do rebanho, os quais podem não cumprir o que ensinam.
Oriximiná(PA), 26/07/2015
Por Oli Prestes
Missionário