Esse mandamento, assim como os demais, é para ser obedecido e cumprido. Mas há os que buscam razões e que pretendem se justificar por suas razões. Há os que justificam o furto se o motivo alegado for fome, enquanto outros consideram que existe uma doença que produz compulsão para isso. Até onde isso é correto? Pode-se aceitar tais argumentos?
Quando Deus falou sobre isso para a primeira nação separada para ser povo exclusivo de Deus, ele não acrescentou nenhuma exceção ou razão para isso. Depois, pelos seus servos profetas, ele deu outras instruções mostrando sua reprovação e maldição aqueles que isso fizessem.
E por Salomão ele nos faz saber que o que furta, mesmo que seja por fome, blasfema o nome de Deus, veja:
“Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, não venha a furtar, e profane o nome de Deus.” Pv. 30:8 e 9.
Se Deus não aceita a alegação de fome como razão para o furto, que outras razões poderiam ser aceitas por ele?
Em verdade nem essa nem outra razão qualquer podem ser consideradas como argumento para tal ato. O Senhor inspirou o Salmista, que disse: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua semente a mendigar pão”. Sl. 37:25.
Por essa citação bíblica podemos então considerar que o que furta alegando necessidade de alimento não descende de justo ou então se desviou de Deus, tendo perdido o seu temor.
Diz o Senhor pelo profeta Ezequiel:
“Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça, não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação, não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com roupa, não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus estatutos, e guardando os meus juízos, e procedendo segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Deus. E se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue, que fizer a seu irmão qualquer destas coisas; e não cumprir todos aqueles deveres, mas antes comer sobre os montes, e contaminar a mulher de seu próximo, oprimir ao pobre e necessitado, praticar roubos, não tornar o penhor, e levantar os seus olhos para os ídolos, e cometer abominação, e emprestar com usura, e receber demais, porventura viverá? Não viverá. Todas estas abominações ele fez, certamente morrerá; o seu sangue será sobre ele. E eis que também, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes, não comer sobre os montes, e não levantar os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, e não contaminar a mulher de seu próximo, e não oprimir a ninguém, e não retiver o penhor, e não roubar, der o seu pão ao faminto, e cobrir ao nu com roupa, desviar do pobre a sua mão, não receber usura e juros, cumprir os meus juízos, e andar nos meus estatutos, o tal não morrerá pela iniquidade de seu pai; certamente viverá. Seu pai, porque praticou a extorsão, roubou os bens do irmão, e fez o que não era bom no meio de seu povo, eis que ele morrerá pela sua iniquidade.” Ez. 18:5-18.
Então é possível que de justos descendam injustos, assim como de injusto descender justos. Não por mérito de quem gera, mas por o que descende ponderar as atitudes de seu genitor, e não praticar o que seu pai praticou, no caso de justo descendente de injusto.
Mas, hoje é um crime tão comum, que alguns tipos de furtos já nem são punidos com o mesmo rigor que outros.
Nas leis ordinárias e/ou complementares dadas através de Moisés, vamos encontrar legislação que discorre sobre o furto e os consequentes castigos de cada caso, inclusive o de sequestro. Havia caso que o furtado podia ser reposto com o quádruplo do que fora furtado. Mas havia caso em que o ladrão perdia a sua vida.
Se o furtar, mesmo que por fome, é reprovado pelo Senhor, que dizer então sendo praticado por ambição e avareza? E isso é o que mais está acontecendo no mundo. Entre os gentios nomearam de “crime do colarinho branco” os furtos praticados pelos homens que detêm o poder de gerência de bens privados ou públicos. Esses apesar de comprovações de seus atos, no Brasil raramente são punidos com pena de prisões. No máximo que lhes acontece é serem depostos de suas funções. A mídia tem divulgado muitos escândalos envolvendo elevados homens públicos, os quais eram tidos como idôneos, e que detinham inclusive função de legisladores e juízes.
Mas nós, como ministros do evangelho, não fomos nomeados para julgar o mundo. Isso é atribuição do Senhor. Entretanto o apóstolo Paulo diz que nós devemos julgar os da igreja. E isso o fazemos não manifestando conceito próprio, mas pela Sagrada Escritura, que é divinamente inspirada para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir na justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente habilitado para toda a boa obra. II Tm. 3:16.
Desde tempos antigos que Deus exorta o seu povo pela transgressão desse mandamento. E pelo profeta Jeremias diz o Senhor:
“Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam. Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultérios e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis, e depois vindes e vos pondes diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e dizeis: Estamos salvos; sim, só para continuardes a praticar estas abominações? Será esta casa, que se chama pelo meu nome, um covil de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor? Jr. 7:8-11.
Como o povo de Deus faz isso?
De várias formas. Quais sejam: No peso, na medida, com “gato”, etc.
E essas mesmas pessoas que isso fazem, dizem reprovar os que cometem fraudes escandalosas, e, não obstante isso, praticam aquilo que dizem reprovar.
Diz o Espírito por Paulo: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?” Rm. 2:21.
“Tu que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei. Tu que dizes que não se deve furtar, furtas, roubando os templos...”
E o fazem conscientemente e tendo os seus familiares como testemunhas, principalmente cônjuges e filhos, servindo de espelho para estes. Não seria por isso que diz a Escritura que os filhos se levantarão no juízo e condenarão a seus pais?
É constrangedor saber que quem isso faz não o faz por ser miserável do ponto de vista econômico-financeiro, ou seja, por falta de condições, mas o faz por fraqueza, por falta de temor a Deus, não ponderando que o seu crime há de ser descoberto e detestado. Isso revela o caráter do velho homem, que ainda não foi gerado de novo, não sendo convertido nem regenerado, e que não está morto para o pecado, apesar de conhecer o decreto de Deus, que são dignos de morte os que tais coisas praticam.
O apóstolo Paulo deixou-nos a seguinte instrução:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.” Ef. 4:28.
E que dizer das outras formas igualmente sutis de furto? Como: ficar com aquilo que foi deixado sob a sua guarda ou algo deixado por esquecimento num veículo, numa repartição; ou ainda uma peça reprovada de forma dolosa com o objetivo de dela se beneficiar ou utilizar?; um orçamento no qual se inclui o que não é justo, etc.
Quem assim age não atina que o Senhor trará a juízo toda obra, quer seja boa quer seja má, e que quem sabe fazer o bem e não faz comete pecado.
Quem assim procede revela um caráter mesquinho, e não é liberal como manda o Espírito numa das epístolas paulinas; retém mais do que é justo, e também não dá a Deus aquilo que lhe é devido. Ora se não dá a Deus aquilo que lhe pertence e que lhe é devido, quanto mais ao próximo! Ignora, assim, a misericórdia de Deus, e que Ele é poderoso para multiplicar a nossa sementeira. Que quem pouco semeia, pouco colhe.
Há ainda os que enchem de dolo a casa dos seus senhores, e subtraem de suas empresas e patrões aquilo que não lhes pertence, seja da dispensa, seja do depósito, seja do escritório. Ou inclui despesas indevidas ou não realizadas em prestação de contas, com a intenção deliberada de se favorecer ou beneficiar. Outros, usa outros expedientes igualmente fraudulentos para com o governo, para não pagar o que é determinado em lei.
Que dizer ainda das conivências e subornos, e dos pagamentos de propinas para pagar menos do que seria devido, ou se isentar de ônus?
Nada disso passa desapercebido ao Senhor, que julgará o justo e o ímpio.
O ladrão está sob a maldição do Senhor, constante no livro de Deuteronômio, capítulo 28, do versículo 15 em diante.
Também consta do livro do profeta Zacarias, a quem foi mostrado o seguinte:
“Tornei a levantar os meus olhos e vi, e eis um rolo volante. Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo um rolo volante, que tem vinte côvados de comprido e dez de largo. Então me disse: Esta é a maldição que sai pela face de toda a terra, porque qualquer que furtar, será expulso segundo a maldição, e qualquer que jurar falsamente será expulso segundo a mesma. Fá-la-ei sair, diz o Senhor dos Exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; nela pernoitará, e o consumirá com a sua madeira e as suas pedras.” Zc. 5:1-4.
Não raro, quem isso faz revolta-se quando percebe que alguém pretende lhe subtrair algo de algum modo. Mas não julga que do mesmo modo como queremos que os homens nos façam, devemos também fazer. E que do modo como julgamos também seremos julgados.
Portanto, aquele que furtava não furte mais. . . !
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