Paulo, nas suas epístolas, tece comentários que tem sido um verdadeiro tropeço para os indoutos. Pois fala ele de diversas leis, como a lei de ordenanças tratada na sua epístola aos Gálatas, na qual ele discorre sobre a impossibilidade de aquela lei justificar o pecador.
Nada obstante não ser nosso propósito esgotar o assunto em pauta, queremos ajudar as almas sinceras a alcançarem o conhecimento da verdade, a palavra de Deus, que é poderosa para salvar as nossas almas.
O apóstolo, após se reportar à censura feita a Pedro, que estava dissimulando por causa dos judeus que aceitaram o caminho mas ainda se agarravam às práticas judaicas, ele fala que o homem não é justificado (tornado justo) pelas obras da lei. Gl. 2:16.
É necessário esclarecer que a justificação não é a salvação para a vida eterna, ainda que ela seja condição para tal. É o favor de Deus, que não imputando aos homens os seus pecados, lhes dá direito a salvação pelo evangelho eterno, mediante o lavar da regeneração. Pois outrora só o povo de Israel era o povo santo e nação escolhida. E os ritos e o culto eram praticados por ele, e só por ele, razão porque se aferrou a isso, achando que isso lhe podia salvar. Eram as obras da lei.
Não é difícil entender que ali o apóstolo se reporta a uma lei que não a dos mandamentos de Deus. Pois fala o mesmo apóstolo na sua epístola aos romanos, no capítulo sete, versículo 14, que a lei é espiritual, e ele carnal, vendido sob o pecado. Falando nesse aspecto como homem natural, e colocando-se na condição de homem não convertido. Mas disso trataremos oportunamente.
Assim, fala o apóstolo na sua epístola aos Gálatas: Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Gl. 2:16.
No capítulo três o apóstolo fala sobre a lei, mas o faz falando de uma lei de obras, como lemos do verso dois em diante. Veja:
Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis pela carne? Gl. 3:2 e 3. Além de o apóstolo falar da lei de obras, fala também: acabeis pela carne.
Depois de discorrer sobre a fé e a lei de obras, o apóstolo, no versículo 10, diz: todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.
É preciso notar que o apóstolo refere-se à lei de ordenanças constantes na lei de Moisés, as quais foram escritas num livro e colocadas ao lado da arca do concerto. Dt. 31:26.
Quando ele diz que Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; ele cita a lei de Moisés, na qual consta: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro. Gl. 2:13.
E se o versículo 17 fala que a lei que veio quatrocentos e trinta anos depois não invalida o testamento feito por Deus, não quer ele dizer que essa lei é dos mandamentos de Deus, mas a lei de Moisés. A prova disso encontramos no versículo 19, onde diz: logo, para que a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
Ora, a lei de Deus não teve a intermediação de anjos, mas foi dada diretamente por Deus; primeiro falado diretamente das nuvens e depois dada através de Moisés. Essa intermediação é mencionada noutra escritura, que diz: Vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. At. 7:53.
Consideremos o que diz o apóstolo no verso nove do capítulo quatro de Gálatas. Lá diz: Mas, agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Ele fala de rudimentos fracos e pobres, e a seguir fala quais são: dias, e meses, e tempos e anos. Mas isso não nos deve levar a presumir que essa censura refere-se a observância da guarda do sétimo dia, o Sábado do Senhor. Se assim fosse, como falaria os demais apóstolos, e também o apóstolo Paulo, sobre a caridade ou amor de Deus que devemos ter, e que se traduz na guarda dos mandamentos de Deus?
Confirma o nosso argumento a escritura onde diz: Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim a fé que opera por caridade. Gl. 5:6.
Vemos que num só verso ele fala de duas leis: a de ordenanças, que ordenava a circuncisão; e a de Deus, que é a caridade ou o amor (dependendo da versão), conforme I João 5:3, e que é o que tem virtude, conforme ele afirma naquele versículo (Gl. 5: 6).
E reforçando aquilo que o apóstolo escreveu aos Gálatas, assim ele fala aos Coríntios: Porque a circuncisão é nada e a incircuncisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus. I Co. 7:19.
Na sua epístola aos Efésios, o mesmo apóstolo fala: Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Ef. 2:8 e 9.
O homem é salvo pela fé em Cristo. Mas para sabermos quem é Cristo sugerimos a leitura do argumento intitulado “Justificados por Cristo”. Lá encontra-se a prova de que ele é a Palavra de Deus, que se fez carne e habitou entre os homens, e que nos concede o poder de estar tanto no Filho como no Pai e no Espírito, e que se traduz nos seus mandamentos, que nos gera em Cristo pelo evangelho, e que nos faz sermos feitura sua, criados em Cristo Jesus, para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade d’Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei de mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto. Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, o qual Cristo Jesus é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito. Ef. 2:10-22.
Ora, a inimizade desfeita na carne de Cristo, era a lei de mandamentos que consistia em ordenanças. versículo 15.
É mister que se observe de forma bem acurada que o apóstolo refere-se a lei de mandamentos de ordenanças e não a lei de Deus.
O apóstolo também diz na sua epístola aos Gálatas: Mas agora conhecendo a Deus, ou antes, sendo dele conhecidos. Gl. 9:4. Ou seja, quando nós conhecemos a Deus, passamos a ser conhecidos dele. E o apóstolo João recebeu do Espírito Santo a instrução de como conhecemos a Deus. Diz ele: E nisto sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. I Jo. 2:3. É interessante notar que nós só passamos a ser conhecidos de Deus depois que nós conhecemos a Ele.
Quando o Senhor estava para ascender aos céus, ele deu instruções aos seus discípulos, falando-lhes face à face. E disse: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. Mc. 16:15 e 16.
Já que ele estava ordenando a pregação do evangelho, quem crer deve crer no evangelho. Confirma isso a inspiração dada ao apóstolo Paulo, que escreveu aos Tessalonicenses: E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus, desde o céu com os anjos do seu poder. Como labaredas de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais por castigo padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder. II Ts. 1:7-9.
Consideremos: Quem é que não conhece a Deus? Seriam os índios não civilizados? Se assim fosse, o julgamento não seria com justiça. Pois diz-nos a Escritura que cada um será julgado segundo as suas obras. Ap. 20:13 e Pv. 24:12, ú.parte. Ou: Que aquele que sabia a vontade do seu Senhor e não fizer conforme a sua vontade receberá muitos açoites; e aquele que não sabia a vontade do seu Senhor e errar, receberá poucos açoites. E diz ainda o apóstolo:
Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Rm. 2:12.
Então quem são os que não conhecem a Deus? Pela regra imposta por Deus, chegamos a esse conhecimento: Diz as escrituras: Aquele que diz: eu O conheço e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso e com ele não está a verdade. I Jo. 2:4.
Na sua epístola aos romanos, Paulo faz importante revelação sobre os homens ímpios, e mostra as conseqüências da impiedade, depois de dizer como ela é praticada: a mudança da glória de Deus incorruptível em semelhança de criaturas, e que é transgressão da sua lei. Rm. 1:18-32.
Para os evangélicos parece não haver dúvidas quanto a nove mandamentos da lei de Deus, quais sejam:
Não ter outro Deus adiante do Senhor;
Não fazer imagem de escultura; não adorá-la nem servi-las;
Não tomar o nome do Senhor em vão;
Honrar o pai e a mãe;
Não matar;
Não adulterar;
Não furtar;
Não dizer falso testemunho contra o próximo;
Não cobiçar nada do próximo.
O problema todo parece ser a guarda do dia do Senhor, o quarto mandamento da Lei de Deus, que tem sido sistematicamente negado por aqueles que dizem conhecê-Lo.
Por essa razão, Paulo também fala em sua epístola aos romanos sobre aqueles que conheceram a Deus, mas não lhe deram graças; antes, em seus discursos, que eqüivaleriam a pregações, se desvaneceram; e dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E que trocaram a verdade de Deus em mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao criador. Rm. 1:25. E é discurso, já que não pode ser pregação, pois que esta junta uma parte a outra, enquanto que os discursos são palavras vazias, e doutrina de vento.
A escritura nos diz que a lei de Deus foi feita em verdade e justiça, e que justos são todos os seus mandamentos. Sl. 111:7; 19:9. Assim, se os homens dizem que não matam, não roubam, não cobiçam por amor ao próximo, se não obedecem a santificação do dia do Senhor, estão servindo antes a criatura que ao criador.
Nessa epístola aos romanos, o apóstolo faz severa advertência àqueles que, nada obstante se dizerem conhecedores de Deus, e que dizem que não se deve roubar, roubam a Deus tirando o seu mandamento; ou então dizem que não se deve adulterar, mas adulteram a sua palavra. Dizem que podemos guardar um dia em sete, e não o sétimo dia da semana, o Sábado instituído por Deus.
E diz: Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está escrito. Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se guardares a ei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se tornado em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei. Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu aquele que é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, e não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. Rm. 2:24-29.
O apóstolo diz, também, que pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante de Deus; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado. Rm. 3:20.
E acrescenta: Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação da sua justiça, por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus. Onde está logo a jactância? Foi excluída. Por que lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão; e arremata: Anulamos, pois a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei. Rm. 3:21-31.
Ler o argumento intitulado “A justiça de Deus e a dos homens”. Lá poderá ser visto de forma mais enfática que a Justiça de Deus são os seus mandamentos ou a sua Lei.
Também vemos mais um nome dado a lei de Deus: Lei da fé.
Será que pode existir dúvidas de que o apóstolo está destronando a lei de obras, na qual os judeus se jactavam, e estabelecendo a Lei de Deus? Sim, vimos a exclusão da lei de obras e a confirmação da Lei de Deus, que é por fé, e não a prática de rituais e formalismo.
Aqueles que não buscam discernir entre lei e lei, de que trata o apóstolo, e excluem a Lei de Deus, que é por fé, ao aceitarem a exclusão da lei de obras, o fazem ao seu bel-prazer. Esquecem do verso três do capítulo três, e fazem uma pescaria infrutífera ao buscarem se justificar por trechos bíblicos que não dizem o que querem que digam. Assim, ora abolem as leis de Deus, ora o que os homens convencionaram chamar de “velho testamento”: as escrituras antigas.
A fé e a graça não tem o sentido que lhes emprestam e nem exclui a observância de doutrina. Por isso diz ainda o apóstolo: Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. Rm. 6:17. Além do que o apóstolo diz que a graça reina pela Justiça. Rm. 5:21. E esta como já dissemos corresponde aos mandamentos de Deus.
Ou ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que ele vive? Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera se for de outro marido. Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele de ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus. Rm. 7:1-4. A que lei o apóstolo refere-se?
O mesmo apóstolo em sua epístola aos Colossenses, diz: e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz. Cl. 2:14. Confirma isso a sua epístola aos Efésios, veja.
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz. Ef. 2:14 e 15.
E então, fica claro a que lei o apóstolo refere-se em sua epístola aos romanos? (Rm. 7:1-4).
E continua: Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus. Pois, quando estávamos na carme, as paixões dos pecados, suscitados pela lei, operavam em nossos membros para darem frutos para a morte. Mas agora fomos libertos da lei, havendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito, e não na velhice da letra. Rm. 7:4-6.
Há quem deseje que o mandamento do Senhor se torne velho, e se apoie nessa passagem para afirmar a sua pretensão. E não só nessa citação, mas também noutra escritura do apóstolo, onde diz: o qual também nos capacitou para sermos ministros de um novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedra, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se estava desvanecendo, como não será de maior glória o ministério do espírito? II Co. 3:6-8.
Vamos conferir!
O apóstolo João, o apóstolo do amor, escreveu: Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas um mandamento antigo, que tendes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Contudo é um novo mandamento que vos escrevo, o qual é verdadeiro nele e em vós. I Jo. 2:7 e 8, primeira e segunda parte. E a partir do verso doze ele diz: Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome. I Jo. 2:12.
Ora, primeiro ele diz que não está escrevendo mandamento novo, mas um que eles já tinham desde o princípio. E diz que o mandamento é a palavra que eles ouviram. Também que esse amor ao seu nome, que garante perdão dos pecados, se traduz no seguinte: Mas a todos quanto O receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Jo. 1:12. E para que o leitor não pense que esse nome corresponde à palavra Jesus ou outra palavra, recomendamos a leitura do argumento “Um nome sobre todo o Nome”. Lá você verá que o nome que nos propicia tudo, inclusive a salvação para a vida eterna, corresponde aos mandamentos de Deus.
Pedro escreveu: ... tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados. I Pe. 4:8.
Assim, o amor a que João refere-se, traduz-se na guarda dos mandamentos do Senhor. Pois escreveu João o que disse Jesus: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Jo. 14:15.
E continua João: Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio. I Jo. 2:13. P.parte. E como foi que os pais O conheceram? Conforme o que o Senhor inspirou o mesmo apóstolo: E nisto sabemos que O conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. I Jo. 2:3. Portanto, eles O conheceram pela guarda dos seus mandamentos.
O apóstolo fala para os meninos (aqueles que são quais crianças), que eles conheceram o Pai, e diz aos pais que eles conhecem aquele que é desde o princípio. E continua: Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permaneceu em vós, e já vencestes o maligno. I Jo. 2:14. E mais adiante o apóstolo diz: E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda. I Jo. 2:28. Com relação à Palavra de Deus, recomendamos a leitura do artigo “a palavra de Deus”, bem como o questionário com o mesmo título.
A fé no seu nome não significa crer na palavra Jesus. Significa crer em Jesus em quem está os nomes de Deus. E, por conseguinte, crer naquilo que ele tem determinado: sua doutrina, seus ensinos, sua lei.
Jesus é a palavra de Deus! Mas como permanecer nÊle? Responde-nos a escritura, através do mesmo apóstolo. Quem guarda os seus mandamentos, em Deus permanece e Deus nele. I Jo. 2:24, p.parte.
E com relação a II Co. 3:8, o apóstolo logo adiante diz: Mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. II Co. 3:14 e 15.
Já que o apóstolo fala “sempre que Moisés é lido”, é porque ele está referindo-se aquilo que Moisés escreveu, e que é a sua lei que foi escrita num livro, e que foi pactuado com o povo de Israel em Horebe, correspondente ao primeiro pacto, antes de Moisés subir ao monte para receber as tábuas dos Dez Mandamentos. O apóstolo não refere-se aos trinta e nove livros das Sagradas Escrituras, e que os escribas modernos convencionaram chamar de “Velho Testamento.”
Quando o apóstolo diz que pela lei ninguém será justificado e nem será salvo pelas obras da lei, ele não refere-se à lei de Deus. Pois os mandamentos de Deus foram feitos em verdade e justiça. E quem pratica a justiça é justo. I Jo.3:7. E essa prática traduz-se no que diz João: Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade. Nisto conheceremos que somos da verdade e diante dele tranqüilizaremos o nosso coração. I Jo. 3:18 e 19.
A LEI DO PECADO E DA MORTE VERSUS A LEI DO ESPÍRITO DE VIDA.
Diz o apóstolo Paulo em sua epístola aos Romanos: Que diremos pois? É a Lei pecado? De modo nenhum. Contudo, eu não conheci o pecado senão pela lei. Porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não me dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento operou em mim toda espécie de concupiscência; porquanto onde não há lei está morto o pecado. E outrora eu vivia sem lei; mas assim que veio o mandamento que era para a vida, esse achei que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião, pelo mandamento me enganou, e por ele me matou. De modo que a Lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo o bom tornou-se morte para mim? De modo nenhum, mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte por meio do bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se manifestasse excessivamente maligno. Rm. 7:7-13.
Vamos considerar o que o apóstolo falou:
Que o conhecimento do pecado vem pela lei. Donde se conclui que ele está referindo-se à Lei de Deus, que diz: não cobiçarás; que o pecado, a partir do conhecimento do mandamento, toma força e opera a cobiça; que onde não há lei, o pecado está morto; e que estando ele morto, ele não tem força. Ou seja, ele é praticado naturalmente, mas sem consciência de pecado. Mas a partir do momento em que se toma conhecimento, pelo mandamento, de que o que se praticava ou pratica é pecado, então o pecado revive, toma força e mata.
Vamos exemplificar:
Há ocasião em que nós, em certas circunstâncias, violamos a lei de trânsito, mesmo involuntariamente, e até por desconhecimento do preceito da lei. E ao tomarmos conhecimento do que preceitua a lei, então relembramos que transgredíamos a lei, ainda que inocentemente. Mas a partir do conhecimento daquela lei que nos era ignorada, o pecado, decorrente da transgressão daquilo que preceitua a lei que ignorávamos, revive, e nos acusa de que somos transgressores. Ora, o guarda de trânsito não nos pergunta se nós conhecemos os preceitos da lei. Pois, na concepção legal humana, “a ninguém é defeso ignorar a lei”. Assim, caso nós sejamos apanhados em delito, pela transgressão da lei, seja ela sabida ou não, seremos punidos de acordo com o que preceitua essa lei.
Assim é o mandamento da lei de Deus. Enquanto não se tem conhecimento dela, fazemos as coisas que ela veda, sem consciência de transgressão. Mas a partir do conhecimento da Lei do Mandamento, o pecado toma ocasião e se manifesta maligno. E mata espiritualmente. Pois a transgressão da Lei de Deus é pecado para a morte. É por isso que onde não há lei também não existe transgressão.
Outrora muitas das ações praticadas hoje no trânsito não eram consideradas violações, pois não havia preceitos que impedissem a sua prática. Assim, se não havia lei, logo não podia haver transgressão. Mas logo que veio a lei, a transgressão da lei (que é pecado), ressurgiu.
Diz o apóstolo: E o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda espécie de cobiça. Que quer isso dizer?
Muitos há que sentem prazer em transgredir a lei, seja de trânsito ou não. Para esses, quanto mais proibido melhor. Assim, sentem prazer em cruzar vias públicas com sinais fechados, ultrapassar pela direita, estacionar em locais proibidos, ultrapassar outro veículo pelo acostamento, etc. Essa transgressão é excessivamente maligna. Pois existe a lei que proíbe tal procedimento. Assim também é o pecado de transgressão da Lei de Deus. Quando transgredíamos sem consciência, o fazíamos sem consciência de pecado. Mas se temos conhecimento da lei de Deus, quando a transgredimos o espírito nos constrange, e a nossa consciência nos acusa, e o pecado nos mata. Pois a transgressão da lei de Deus é pecado para a morte, e faz cessar a nossa relação com a vida: Jesus.
E continua o apóstolo: Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei que é boa. Agora, porém, não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum. Com efeito, o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. Porque segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros. Rm. 7:14-23.
Nesse trecho o apóstolo mostra a luta da carne contra o espírito. E ele se coloca na condição de homem natural e carnal, para mostrar ou demonstrar essa guerra. Ele mostra a luta que haverá para a observância da Lei de Deus, se o homem não se tornar espiritual. Pois sendo a Lei espiritual, e o homem carnal, ainda que ele sinta desejo de fazer o bem, observando a Lei, ele não o consegue. Pois ele encontra nos seus membros outra lei que guerreia contra a lei do seu entendimento e o leva a transgredir, e o prende à lei do pecado e da morte. Porque se ele faz o mal que não quer fazer, e o bem que ele deseja fazer ele não faz, já não é ele quem faz, mas o pecado que habita nele. E o apóstolo exclama nesse desespero: Miserável homem que sou! Quem me livrará dessa morte do corpo? Mas a seguir ele mostra o caminho e a solução: Cristo! E diz: Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à Lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Rm. 7:24 e 25. E outra escritura diz: Portanto, não reine no vosso corpo o pecado para obedecerdes as suas cobiças. . .
Por isso disse Jesus: Sem mim nada podeis fazer.
Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a Lei do Espírito de Vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Rm. 8:1-2.
Se nenhuma condenação há para os que estão em Cristo, precisamos saber como estar nÊle. E isso nos diz as escrituras, veja:
E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor, está em Deus, e Deus nele. I Jo. 4:16. E: Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos. I Jo. 5:3, p.parte. E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. I Jo. 3:24, p.parte.
Assim, os que estão em Cristo estão livres da lei do pecado e da morte, mas estão submissos à Lei de Deus, que é espiritual. E isso não contradiz o que o apóstolo diz, mas confirma-o, vejamos.
“Porquanto o que era impossível à carne, visto que se achava fraca pelo pecado, Deus, enviando o seu próprio Filho em semelhança do pecado, e por causa do pecado, pela lei condenou o pecado na carne, para que a justa exigência da Lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo à carne, mas segundo o Espírito. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne, não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Ora se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto para o pecado, mas o Espírito vive por causa da justiça”. Rm. 8:3-10.
Como já vimos anteriormente, para estar nele é preciso estar em amor, e estar em amor é estar guardando os seus mandamentos, pois o amor de Deus é este: que guardemos seus mandamentos. I Jo. 5:3, p.parte e 4:16.
Outrossim, disse Jesus: As palavras que eu vos falo são espírito e vida. Jo. 6:63. E como sabemos, as palavras que Jesus falava era os seus mandamentos. Confira no questionário.
Ainda que o apóstolo João seja chamado o apóstolo do amor, devido a sua abundante literatura sobre o tema, o apóstolo Paulo não fica atrás, e adiante veremos porque.
Ele diz: E sabemos que todas as coisas concorrem para bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme à imagem de seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Rm. 8:28 e 29.
E quem é que ama a Deus?
Disse o próprio Jesus: Se me amardes guardareis os meus mandamentos. Jo. 14:15.
E como saber que o conhecemos?
E nisto sabemos que o conhecemos: Se guardamos os seus mandamentos. I Jo. 2:3.
E quem é que Ele conheceu?
Mas agora conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos de Deus... Gl. 6:9, p. parte.
Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes O entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica, quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está a direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor. Rm. 8:31-39.
Então o que nos poderá separar do amor de Deus, que é a guarda dos seus mandamentos? Fome, morte, coisas presentes ou futuras; potestades, anjos, principados; altura ou profundidade, ou qualquer outra criatura? Nada nos poderá impedir do amor de Deus, a guarda dos seus mandamentos.
Mas isso não depende do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Rm. 9:16.
Para se cumprir as escrituras e a vontade de Deus, conforme lemos em Pv. 2:1-6 e Is. 28:10, o que é falado pelo apóstolo Paulo é ratificado ou complementado por João ou outro escritor das sagradas escrituras.
Aquelas condições inspiradas por Deus a Salomão, e impostas por Deus, não se contradizem, mas se confirmam no que convencionaram chamar de “Novo Testamento”.
Por exemplo: como uma das primeiras condições para se alcançar o temor do Senhor e se alcançar o conhecimento de Deus. Diz a palavra do Senhor inspirada a Salomão: Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos. Pv. 2:1.
Jesus é o verbo, a palavra de ação, a palavra de Deus. E é condição, para se ser salvo, aceitá-LO ou recebê-LO, conforme a tradução, e revelado a João, que diz: Mas a todos quantos O receberam, aos que crêem em seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Jô. 1:12.
Cristo é o nome de Deus e a regra imposta por Deus para a salvação. É condição crer nela, e por conseguinte em tudo que ele determina para se ser salvo. Pois Jesus é o Anjo do Senhor no qual está o seu nome. Veja:
Eis que eu envio o meu anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho, e te leve ao lugar que tenho aparelhado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebelião; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o meu anjo irá adiante de ti... Êx. 23:20-23 p. parte.
Certa vez um mancebo procurou a Jesus e lhe inquiriu: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? Ao que lhe respondeu Jesus: Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Mt. 19:17.
Ele, quando deu os seus mandamentos, falou:... e uso de misericórdia para com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos. Êx 20:6 e Dt. 7:9.
Disse o Senhor por Isaías: Ouvi-me vós que conheceis a justiça, vós povo, em cujo coração está minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias. Pois a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como a lã; a minha justiça, porém, durará para sempre, e a minha salvação para todas as gerações, Is. 51:7.
Comparando o que disse Isaías nos versos acima, e o que disse Jesus ao mancebo rico, entenderemos qual é a vereda da justiça da qual falou Salomão quando disse: Na vereda da justiça está a vida. Pv. 12:28. Ou ainda o salmista: A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua Lei é a Verdade. Sl. 119:142.
Ainda outra passagem bíblica prova que a vereda da justiça são os mandamentos de Deus, veja:
Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; II Pe. 2:21.
Não vejo razão para dúvidas quanto aos mandamentos da Lei do Senhor. Mas se houver alguma objeção quanto à observância do quarto mandamento, a guarda do dia do Senhor, vamos saber essas razões.
Alguém, querendo justificar o seu proceder, me disse que Jesus trabalhava no Sábado. E eu lhe disse: Eu também trabalho, e não sou transgressor. Pois o trabalho que eu realizo aos sábados, é o mesmo que Jesus realizava, sem, contudo, transgredi-lo: o serviço ministerial. E a acusação dos fariseus a Jesus era infundada, pois aquele sábado era um sábado solene, veja:
Depois disso havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu betesda, o qual tem cinco alpendres. Neste jazia grande multidão de enfermos; cegos, mancos, e ressicados, esperando o movimento das águas. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo. E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me meta no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua cama, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou a sua cama e partiu. E aquele dia era sábado. Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar a cama. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma a tua cama, e anda. Jo. 5:1-11.
O capítulo inicia dizendo que havia uma festa entre os judeus. Que festa era essa? Uma festa solene judaica na qual havia convocação deles, e havia sábado (descanso), tanto no primeiro quanto no último dia da celebração. Lv. 23:1-8.
Nessa ocasião, Jesus disse que os sacerdotes no templo violavam os sábados e ficavam sem culpa. Mt. 12:5. E mais: Moisés vos ordenou a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais um homem. Ora, se um homem recebe a circuncisão no Sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no sábado tornei um homem inteiramente são? Jo. 7:22 e 23,
Para melhor compreensão, leia neste encarte, o trabalho intitulado: “Os meus Sábados e os vossos sábados”.
Outra ocorrência que tem servido de argumento para aqueles que dizem que Jesus transgredia o sábado da Lei de Deus, foi quando os seus discípulos colheram num sábado espigas para comer. Mas cumprindo a regra estabelecida por Deus: um pouco aqui, um pouco ali, concluímos que aquele sábado era um dos sábados solenes, chamados por Deus de “vossos sábados”. E isso está implícito no texto escrito por Lucas, veja:
E aconteceu que, no sábado segundo–primeiro, passou pelas searas, e os seus discípulos iam arrancando espigas, e, esfregando-as com as mãos, as comiam. E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados? O termo “no sábado segundo-primeiro” nos faz entender que aquele era um sábado festivo”, sendo o segundo do período solene. Lc. 6:1-2. O mesmo episódio é narrado por Mateus e Marcos, mas foi a Lucas que o Espírito Santo concedeu que narrasse de modo a dirimir as possíveis dúvidas.
O salmista Asafe profetizou inspiradamente sobre a vinda do Senhor e do juízo dele sobre o seu povo. E quanto ao ímpio, disse: Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitares os meus estatutos, e em tomares o meu pacto na tua boca, visto que aborreces a correção, e lanças as minhas palavras para trás de ti? Quando vês um ladrão, tu te comprazes, e tens parte com os adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua trama enganos. Tu te sentas a falar contra teu irmão; difamas o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que na verdade eu era como tu; mas eu te argüirei, e tudo te porei à vista. Considerai pois isto vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem que haja quem vos livre. Sl. 50:16-22.
Como vimos no texto acima, o ímpio também recita os estatutos do Senhor e toma o Seu pacto na sua boca. Disso ele se lembra. E por que diz adiante: considerai pois isto, vós que vos esqueceis de Deus? Porque o ímpio conheceu e não obedeceu, como já falamos quando explicamos o capítulo primeiro da epístola de Paulo aos romanos. Esquecer de Deus é esquecer dos Seus Mandamentos. Ou seja deixar de cumpri-los.
O pacto do Senhor é o mesmo que concerto. É ele o concerto eterno: “Os Dez Mandamentos”, veja:
...Então o Senhor vos falou do meio do fogo: a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes semelhança alguma. Então vos anunciou ele o seu concerto que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Dt. 4:12 e 13. Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do concerto que o Senhor fizera convosco, então fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; (...). Sucedeu pois, que ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas do concerto. Dt. 9:9-11.
Disse Isaías: Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos, e quebram a aliança eterna. Is. 24:5.
E o salmista: “Redenção enviou ao seu povo: ordenou o seu concerto para sempre; santo e tremendo é o seu nome”. Sl. 111:9.
Não confundir com o primeiro pacto feito com o povo de Israel em Horebe, e que consistia em mandados que não eram bons e que o povo não cumpriu, por isso Deus o invalidou.
Diz o missivista aos hebreus: O primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e um santuário terrestre (...) que é uma parábola para o tempo presente, conforme a qual se oferecem tanto dons como sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que presta o culto; sendo somente, no tocante a comidas e bebidas, e várias abluções, umas ordenanças da carne, impostas até um tempo de reforma. Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bode e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue de touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é mediador dum Novo Testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houver morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive? Pelo que também o primeiro não foi consagrado sem sangue; porque havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o mesmo livro como o povo, dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado. Hb. 9:1 e 9-20.
Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue de touros e dos bodes tire os pecados. Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifícios e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz, sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo nô-lo testifica, porque depois de haver dito: Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos. Hb. 10:1-16.
Conforme o missivista da epístola aos hebreus, o primeiro pacto tinha ordenanças de serviço sagrado, e é uma parábola para o tempo presente; sendo somente, no tocante a comidas e bebidas, e várias abluções, umas ordenanças da carne, impostas até um tempo de reforma. Mas Jesus é mediador dum novo testamento (pacto concerto).
Diz mais: sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Como vimos, aquelas coisas tinham uma lei que as regia, e que não constam na Lei de Deus, mas na lei de Moisés, as quais foram escritas num livro. E, assim, tira o primeiro para estabelecer o segundo.
E completa: Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos. E que leis são essas? Ele mesmo diz: as minhas leis!
O missivista aos hebreus, diz mais:
Temamos, pois que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que alguns de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas, não entraram por causa da desobediência, determina outra vez um certo dia, hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas. Procuremos pois entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hb. 4:1-12.
O texto acima é bastante esclarecedor com relação ao sétimo dia, o dia de descanso, o Sábado do Senhor.
Mas há os que não entram nesse descanso por causa de suas incredulidades, como aconteceu com o Israel nominal, e conforme mencionado pelo missivista aos hebreus, veja:
Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da incredulidade. Hb. 3:17-19.
Algumas escrituras foram violentadas, quando tiraram a palavra sabático do verso nove do capítulo quatro dessa epístola aos Hebreus. Lá diz: Portanto resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus. Hb. 4:9.