AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER REPUBLICAÇÃO – ESCRITA DE 08 DE MARÇO DE 2014, com escrita introdutória de hoje, 07 de março de 2015.
Antes de tudo gostaria de dizer que me parece impossível falar da mulher como se ela fosse uma entidade única: os destinos das mulheres na face da Terra são tão vários, tão díspares na comparação uns com os outros, que só se pode falar de uma certa "espécie" de mulher, nós mesmas ou aquelas de cuja condição existencial sabemos alguma coisa, por semelhança ou por dessemelhança com relação ao nosso próprio destino.
O texto a seguir, que escrevi em 08 de março do ano passado, tenta dizer algo da condição de mulher, sabendo o quão precária seja qualquer escrita sobre esse ser chamado mulher (Qualquer escrita sobre o ser chamado homem seria também de dificuldade, a meu ver, que também ao ser homem cabem, no mundo, infinitos e insondáveis destinos.
De qualquer modo falar da entidade mulher é mais difícil porque o homem, mesmo o mais pobre, o mais miserável vive, via de regra, em sociedades onde o poder patriarcal é amplo e, em certos países, absolutamentre irrestrito. Por isso, falar de destinos da mulher é sempre bem mais difícil.
07/03/2015.
Falar sobre as qualidades excepcionais da mulher é sempre a grande tônica nesse dia. Louvações escritas por mulheres, escritas principalmente por homens, e sempre boas de se ler, claro; outros textos falam do que as mulheres conquistaram de direitos até agora, no Brasil e/ou no mundo; terceiros, ainda, em menor número, apontam para questões graves que nos envergonham a todos, como a prostituição infantil feminina, o tráfico de mulheres, a gravidez precoce, a violência física e psicológica contra as mulheres, o assédio sexual no trabalho, uma menor remuneração a pessoas do sexo feminino, na comparação com a remuneração aos homens em cargos iguais, etecetera. No que me concerne, venho também saudar o Dia Internacional da Mulher com uma pequena palavra, modesta palavra, em tônica ligeiramente diversa das que se costuma empregar neste dia. Após tal introdução, quase do mesmo tamanho do texto propriamente dito, vamos a ele:
Homens, procurem, tentem ser, sempre, companheiros efetivos das mulheres; nas intenções, nos atos.
Mulheres, procuremos, tentemos ser, sempre, além de efetivas companheiras dos homens, também pessoas solidárias com as outras mulheres, nos atos, nas intenções.
Isso pode parecer pouco, talvez o seja, mas, não consigo enxergar qualquer possibilidade de um mundo melhor que não passe pela instauração de um tempo novo, realmente pleno, com menos necessidade de esconderijos e de subterfúgios e de jogos de poder nas relações entre homens e mulheres, entre mulheres e mulheres, seja na família, seja no trabalho, seja no território amoroso, seja nas mais áreas das nossas vidas. Chamo a atenção para isso com o objetivo de dizer da nossa responsabilidade individual, pessoal, para tal restauração nos relacionamentos entre os dois sexos. Para que se ultrapasse um tempo ainda de competição em direção a uma sociedade de igualdade de direitos baseada na real partilha, na colaboração e na participação de ambos, homem e mulher, no trabalho no lar, na educação dos filhos, no prazer mútuo dos corpos, em tudo, enfim. Falei de mulheres e de homens; haveria como falar só da mulher mesmo em um dia dedicado à mulher?
Toda árvore, toda planta tem que ser cuidada desde a terra em que está plantada, desde a semente, desde a raiz. Cuidada todo o tempo. Só assim a planta, a árvore, podem dar belas flores e sadios frutos, também.
Feliz dia da mulher a todas as mulheres e a todos os homens do Recanto das Letras, bem como às mulheres e aos homens no mundo para além do Recanto das Letras.
(08/03/2014)
Nota. Este texto está também no Áudio do Recanto.
