Republicação - Texto escrito em 20 de novembro de 2009.
Nota. Está, também, em gravação no Áudio. Quem quiser ouvi-lo...
Negra é a mulher que tem sido minha irmã, que nos ermos do meu mundo há anos me vem guiando os passos feitos de hesitação. Negra é a pele que me vai por dentro, herança dos meus ancestrais. Negra sou eu dos blues que me invadem, com todas as suas línguas feitas de saudade e de desterro. Negras são certas saudades: sofrimento, volúpia. Negra é a negra noite, quando se sonham os sonhos mais profundos. Negra sou eu quando deixo que se acordem em mim todas as áfricas. Negro de belezas é o silêncio dos amantes plenos uns dos outros; que o Pai os proteja, a todos, de todos os males, amém. Negra África, berço do mundo. Felizes dos que se alegram, dos que se orgulham pelo negro, pela negra que todos carregamos por fora, por dentro; negritude que nos amplia, que nos ensina, que nos ultrapassa, que fere os nossos limites, para que possamos prosseguir.
Fran, uma das minhas mais queridas amigas; Fran, minha bem-amada irmã.
(foto de 2008, no lançamento do meu livro "Flores do Outono").