Nas imensidões em que viajam nossas lembranças, há tantas esquinas, sorrisos conhecidos, lágrimas em olhos inesquecíveis e tantas vozes que sufocam nossa alma nestes momentos que é imperioso voltar, porque assim quer o saudoso coração.
A saudade mora no vão dos anos, no colo dos dias, e vão e vem no carinhoso silêncio com o qual reverenciamos o que passou às vezes diante da testemunha solidária de uma lágrima em algum entardecer do caminho...
Onde andarão nossas velhas ruas, a inocente meninice que afagava sonhos, cabelos ao vento, céu sem limites, inigualável alegria e dias sem dor...?
Onde andarão nossos amigos, mãos sujas de terra, olhar de cumplicidade e rebeldia a flor da pele, onde andarão tais olhos por quem disparou descompassado nosso coração...?
Em que estrela pousará nossa saudade em busca do perfume das flores que repousam em alguma primavera antiga, em que estrela viverá nossos velhos mestres, e o amor tantas vezes deixado a beira do caminho...?
Virão todas as eras, passarão todos os dias, e o tempo será sempre uma tela a desenrolar as horas em imagens, em cores, em imensidão, e nunca será capaz de compor uma aquarela onde o riso se cale, os rostos se apaguem, onde pouse o olhar perdido de quem vive e encontre uma resposta para o alívio da eterna saudade...