A medida que tem a solidão da saudade é imensa, distribui-se no vão dos anos vividos, em tantas e tantas faces, lugares, na história de muitas despedidas, em momentos de alegria, na doída presença da inevitável dor.
A solidão da saudade é uma estrada longínqua, rodeada de aquarelas, inesquecíveis, vitrais descrevendo a trajetória do que passou talvez visível na lembrança de uma lágrima, num belo sorriso numa roda de amigos, no momento de um beijo, no cais que a alma reserva para aportar e depois fazer partir o que jamais poderá voltar do seu caminho místico em direção a eternidade.
E a solidão que se reveste de saudade é silenciosa, é um livro folheado no íntimo do relembrar, os sentidos, na penitencia dum esforço supremo que sonha em reviver o que na verdade não pode ser tocado com o dom da vida, mas apenas repetido e repetido com a vontade da alma de retornar.
É um perfume inesquecível, impregnando a existência como reticências numa poesia que nunca terá fim, pois viver é a magia de construir para que um dia sejam saudades nossos momentos, e para que até da eternidade possamos reviver o infinito do amor e da ternura que nos leva a viajar em direção ao passado.