Ausências e presenças
Qual seria a forma mais drástica de ausência?
Talvez, a distância, que inibe o contato humano efetivo feito de roçar de peles, de mistura de hálitos e de olhares entrelaçados.
Bem pior que a distância, certamente, é o esquecimento, que exclui qualquer hipótese de encontro, mesmo que seja só nas lembranças e sonhos.
Contudo, há quem esteja próximo, não omita a existência alheia na memória e, mesmo assim, continua ausente. Esses tipos de ausência são multifacetados.
Assim, há o ausente que é definido pela indiferença, pela completa falta de consideração ou pela deficiência na oferta de tratos e de cuidados. O meio termo disso é quem se faz presente por conveniência, porque só entrega o quanto entenda necessário para sustentar alguma reciprocidade.
Nesse ponto, melhor é inverter a dúvida original e reformular a questão por seu sentido inverso: qual seria a forma mais efetiva de presença?
A presença, seja lá como se manifeste, certamente possui uma característica indispensável que é a constância. É o contato pessoal recorrente e não aleatório. É a lembrança insuflada do desejo sincero do bem estar alheio. É a oferta incondicional de carinho e cuidado.
A presença é feita da certeza de um bem querer sem constrangimentos e senões e que é útil quando necessário e, principalmente, eficaz no sentido de tornar a vida melhor. Qualquer outra coisa não é presença; é mera aparição.
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Advogado militante em São Paulo
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