Às mulheres de cinquenta

                                              (Foto: Vany Grizante)
 


Às mulheres de ciquenta



Aos cinquenta anos uma mulher está... no ponto! É nessa fase da vida que seu espírito está “al dente”; já não está tão duro que crie resistências sem sentido, nem tão mole que deixe de enfrentar o que é preciso.

Sim, é bem verdade que a vaidade feminina sinta-se em algum nível arranhada. O côncavo e o convexo, quase sempre, não estão onde a estupidez da moda espera que estejam. Porém, a maturidade é algo sadio, já que faz com que uma mulher fique, enfim, de bem consigo mesma. Seja como for, pensem o que pensarem, ela, a essa altura, já se entendeu plenamente com seu corpo – ou se desentendeu de vez com o espelho! O que importa é que ela aprendeu a se aceitar e, assim, o mundo à sua volta também passa a respeitar a expressão legítima do que ela seja. Isso, Freud explica!

Entretanto, o que quer uma mulher nem Freud conseguiu explicar. E, mesmo alcançando essa marca histórica em sua vida, uma mulher continua sendo um enigma insondável. Ainda não se sabe o que ela quer. Mas, após cinco décadas, ela já sabe – e muito bem! – o que não quer! Ela não quer mais neuroses, não quer mais paranóias, não quer mais complicações, não quer mais dúvidas. Então, é chegado um momento onde as certezas começam a imperar.

As fantasias inalcançáveis dos vinte anos já cederam lugar ao saboroso prazer de saber sonhar com a vida como ela é. As crises existenciais balzaquianas deixaram há muito de povoar travesseiros regados a lágrimas e, agora, foram desalojadas pela firmeza de saber-se como aproveitar alegrias e enfrentar desilusões. Aquela volúpia temporã, própria da idade da loba, evoluiu para uma serena exploração do prazer e instigante ferramenta de sedução.

Ah! Quem disse que Deus não dá asas à cobra? A sabedoria divina ditou que a natureza pusesse a fermentar por meio século a maior e melhor das criações: a mulher! E, aos cinquenta, ela está mais do que pronta. Está plena de feminilidade e, além disso, dona de si mesma.

Um ser assim não é algo que possa, a partir de então, passar indiferente na existência. Uma cinquentona a gente não idolatra, nem cultua; simplesmente segue, persegue e, se for merecedor, passa a servir para poder desfrutar dessa sua merecida exuberância de vida.

Tenho dito!

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