Quase tudo nesta vida demanda algum tempo para se consumar. O amor inspira os atos, a compreensão facilita as relações e o trabalho é o caminho para a edificação. Contudo, amor, compreensão e trabalho só trazem resultados depois de um bom tempo sendo sustentados, aprimorados e persistentemente aplicados. Por outro lado, uma das pouquíssimas coisas – se não a única – que traz efeito imediato é a paciência, já que ela permite que se enfrente de forma pacífica a passagem do tempo que, de outra forma, pode ser torturante até que os resultados aconteçam. Porém, há quem confunda algumas posturas com a paciência, mesmo que elas se distanciem bastante disso. O conformismo é um estado que, geralmente, é confundido com paciência. Algo que seja ou pareça impossível de se alcançar inspira a que as pessoas aceitem isso com alegada paciência. Todavia, a aceitação do que não se pode mudar nada tem a ver com paciência, por que ela em si induz à espera de momentos mais venturosos e não na assimilação de que nada mais há por esperar. A passividade diante de circunstâncias que clamam por alguma reação também costuma ser confundida com paciência. Ficar inerte não é, necessariamente, sinal de calma diante das atribulações e a paciência, por sua natureza, deve sim representar um estado pacífico, mas, sobretudo, operante. A consumação do que se almeja pressupõe que haja alguma confiança, raciocinada ou não. Confiança raciocinada é aquela que resulta da conclusão lógica da análise de fatores objetivos que indiquem que o resultado desejado é possível. Confiança não raciocinada, em uma única palavra, chama-se fé. De qualquer forma, se não há verdadeira crença, por um modo ou outro, que o que se deseja seja factível, de nada adianta esperar com uma falsa paciência, porque, no caso, somente está se postergando para o futuro uma inevitável frustração. A paciência, portanto, é um reflexo direto da confiança em si, nas circunstâncias ou em uma força maior. Ainda, a paciência é um estado de operância pacífica, que não descuida do que tem de ser feito ou enfrentado, mas se ajusta ao ritmo que as circunstâncias permitam. Dessa forma, para cultivar a legítima paciência é preciso aprimorar a confiança e ter sempre uma predisposição à ação. Só assim, o correr do tempo não sabota a vida plantando com ansiedade e angústia o caminho que leva à realização.