Ter ou não ter? Eis a questão!

 
Ter ou não ter? Eis a questão!
 
          Já virou lugar comum dizer-se que é mais importante ser do que ter. Todavia, isso é um mero jogo de palavras porque, afinal, todo mundo tem um caráter, tem uma personalidade, enfim, tem um modo de ser. E “ter” é sentido de posse e cada um, como indivíduo, imagina ter a posse de si mesmo. Na prática, a identidade não é vista como o conjunto do que se é, mas como o acúmulo dos atributos que se tem.

          O sentido de posse, por sua vez é algo inerente ao instinto dos seres vivos em geral e não só do ser humano em particular. Ninguém estranha que um leão tenha ciúme de suas fêmeas e isso, perante a lei de preservação ditada pela natureza, é algo absolutamente necessário. Da mesma forma, se uma abelha não cobiçasse o pólen das flores, sabe-se lá o que existira em lugar do mel. Ainda, não fossem as formigas seres avarentos na estocagem de seus alimentos, as cigarras é que seriam os bons exemplos nas fábulas. 


          Portanto, desde de que não seja num grau doentio, é absolutamente natural e instintivo que um ser humano, também, tenha lá suas doses de ciúme, cobiça e avareza; tudo isso sendo variantes do sentido de posse. Contudo, há uma outra variante que é algo essencialmente humano. Falo da inveja, que é aquele sentimento de alguém que deseja que um outro não tenha, independendo se esse alguém já possua ou queira obter alguma coisa. O foco não está no objeto da posse, mas sim, no possuidor.


          A desgraça do invejoso é a boa ventura alheia. Ele não almeja conquistas em si; deseja derrotas para outros. Ele não pretende amealhar para si; deseja misérias para alguém. A inveja é subproduto da vileza humana; dejeto de podridões da alma. Nobre seria se acaso, agora, eu citasse algum grande pensador, porém, nada define melhor a essência de um invejoso do que a sabedoria popular, pois, de fato, a inveja é uma merda!

 
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