Nenhuma palavra, expressão ou frase;
Nenhum conceito, provérbio ou sabedoria popular;
Muito menos qualquer pensamento, máxima, ditado, chavão;
Não está na música, nem na poesia, nem nas orações;
Mesmo que eu mergulhe nos Salmos, não encontrarei;
Mesmo que eu rastreie os livros, será em vão;
Mesmo que viaje nas músicas;
Ou resgate o passado da memória;
Mesmo assim, de nada adiantará;
Posso refletir nas montanhas;
Elevar minhas preces;
Imaginar coisas;
Rolar em sonhos e pesadelos;
Tudo isso é pouco.
Mesmo que minhas idéias caiam por terra;
Meus desejos esfriem;
Meu coração padeça;
Minha alma se atormente...
Posso ruminar delírios;
Cair em dor;
Perder-me em sombras;
Ser dominado por presságios...
Mesmo a voz embargada, emudecida, trêmula;
Mesmo o silêncio...
Mesmo que ontem esteja sepultado;
Que a virada do ano não volte mais;
Que minha tenra idade tenha se definhado;
Que a infância seja apenas um retrato amarelado na memória...
Mesmo assim, apesar de tantos mesmos, de tantos senões... Mesmo assim, abrirei meu coração, amarei em dobro, encontrarei ânimo, acreditarei sempre, superarei obstáculos, direi a palavra certa, farei o gesto ideal, pensarei nos outros, abraçarei meus filhos, rogarei aos céus, agradecerei a Deus. A vida é para ser conjugada como um verbo, no tempo certo, sempre no futuro do presente!