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Esse fato que vou narrar aconteceu de verdade mais de dez anos atrás quando, com a minha esposa, morei por um tempo na cidade de Natal (RN).
Um dia saímos de carro para um compromisso e, enquanto a minha mulher entrou numa farmácia para comprar um protetor solar, fiquei sozinho dentro do automóvel. De repente aproximou-se um senhor de meia-idade, vestindo uma gasta camisa vermelha, que começou um lenga-lenga com forte sotaque nordestino -cheio de gírias- do qual, sendo eu estrangeiro, não entendia muita coisa. Mas era evidente que o homem queria algum dinheiro, só que eu não tinha nem um centavo no bolso e, como ele insistia, respondi no dialeto da minha cidade (parecido ao francês), que é a minha verdadeira língua materna. A esperança era que ele, me achando um gringo, me deixasse em paz.
Assim me dirigi a ele com essas palavras:
- Ko dit?
que significa "O que você está dizendo?". Pensei que, ouvindo essa fala estranha o pedinte insistente desistisse, mas me enganei e o homem se achegou raivoso me dizendo:
- Eu não sou bandido não! Não sou bandido não!
Provavelmente ele achou que a expressão "ko dit" fosse a palavra inglesa "bandit", que quer dizer bandido. Fiquei constrangido sem saber o que responder até que a minha esposa voltou e deu uma esmola.
Quando contei do ocorrido, ela deu uma bela gargalhada.