TRAGÉDIA NA MISSA DO GALO
Letra e Música de Jorge Gibbon
Noite negra, encardida
Como a alma de quem pena
Lá no meio do braseiro
Implorando uma novena
Noite negra como a vida
De quem não conhece a luz
Como o breu, ai, como a lida
De quem carrega uma cruz
Numa noite assim me lembro
Bem queria não lembrar
Lá no alto da capela
Uma coruja a piar
Numa noite assim escura
Sem estrela e sem luar
Encontraram seu vigário
Num pecado de danar
Com a dona sacristoa
Com a dona sacristã
A fazer barbaridade
Umas coisa bem pagã
Pra mim foi obra do demo
A maldita tentação
Seu vigário em gozo puro
Com a mulher do sacristão
A notícia se espalhou
Entre o povo da região
Sacristão soube de tudo
Porém não fez causo não
Lá no fundo do seu peito
Tava a dor enclausurada
Dor que mal se segurava
Pra ficar ali guardada
Mas chegou então Natal
Nascimento do Menino
Alegria assim tamanha
Tava o povo em desatino
E foi na Missa do Galo
Dominum, coisas assim
Seu vigário ia dizendo
Coisas santas em latim
Todo o povo ali devoto
Todo o povo ali cristão
Sacristão deu um pinote
Jararaca dando o bote
A prateada em sua mão
Logo fez sangue jorrar
E a cabeça do vigário
Já rolou pelo altar
Sacristão encarcerado
Hoje muito que padece
Pois o padre assassinado
Pra mulher dele aparece
Dizem que ela abre as pernas
Provocando o finado
E depois se entrega inteira
Pro fantasma degolado.