Você ainda obstina-se em me dizer e expor que é tão feliz...
Como és capaz? Eu sinceramente não posso...
Se eu vejo tantos desastres que minha retina fica manchada com a poeira dos destroços...
Se eu ouço gritos de dor por mortes que são causadas por desejos egocêntricos,
Se eu vejo a liberdade ser obliterada do modo mais inescrupuloso por desculpas infundadas num dito mundo livre...
Se tenho que pisar em corpos amontoados como sucata.
Corpos sem nome, sem espécie, sem a tua identidade...
Se tenho que ver o planeta no qual vivo ser destruído... Por água ou por óleo...
Se tantas criaturas que sentem dor e também como nós, têm o desejo de liberdade têm que viver aprisionadas na loucura cotidiana de alimentação fútil e vaidosa de alguns...
Se isso pode um dia acontecer comigo ou com você... Basta aparecer alguém dito “mais forte.”.
Como posso eu ser feliz...
Se tenho que fingir loucura pra ser são...
Se tenho que ser número pra ser alguém,
Se tenho que ser parte do padrão pra ser sistema...,
Se tenho que ser outro pra ser eu...
Então, como posso ser feliz?
Crendo em fantasia? Não... Isso é só recreação.
Eu prefiro a infelicidade e a consciência dela,
Do que sua alegria politicamente prometida por uma hipotética eternidade.