NADA MAIS

NADA MAIS

Se até a poesia me abandonou, o que direi eu das pessoas? Se até elas me abandonaram, o que direi eu de mim? Se eu me abandonei, eu não sei. Houve quem não abandonasse. E se houvesse mais ninguém, o ciclo social com certeza poderia me puxar para toda a devastação da solidão.

Ora, é preciso ter razão e paz na consciência. Mas e daí? O que é razão e paz na consciência para quem não pode saber o que é ser consciente? Eu sei porque me mostraram dessa ou de outra forma como ser assim. E os que não sabem, e os que assistem televisão e os que veem a miséria? O que sabem estes sobre consciência? Acho que já nasceram superdotados e muito além das expectativas do que é ser humano. (Só pode).

Meus pais não me abandonaram, minha avó, meus tios, tias, primos, amigos, amigas... Principalmente meus pais e minha avó. Mas houve quem mais abandonasse a mim, e este pode ser eu mesmo.

E a culpa que querem que eu bote nos outros e os próprios que querem que eu me sinta culpado, eu não sei de que lado eu estive. E para piorar esse enredo, eu não me lembro do porquê de tanta caminhada e tantas frustrações.

Eu só queria saber o porquê, nada mais. Sem desculpas, sem palavras bonitas, sem pedidos de amor próprio, sem pedidos de misericórdia... Eu só queria saber o porquê, nada mais.