Hoje a crônica amanheceu nublada...

Hoje ela amanheceu assim: nublada, reflexiva com umas pitadas de tristeza e algumas lágrimas e rimas... As palavras ainda molhadas com a chuva da madrugada tentavam se acomodar no papel, mas a insônia da noite passada as deixou sonolentas e distraídas.

Decidida a crônica continuou a escrever, ficou no jardim, escutando o canto dos pássaros, que pousavam nos galhos do ipê... E depois de um tempo ela resolveu abrir o portão e caminhar na calçada, tendo por companhia as folhas, pedrinhas, cacos de vidro, e as flores amarelas. Na solidão da rua, a crônica quase emudeceu, sentiu dor de garganta, faltou-lhe o ar e inspiração, lembrou-se que deveria tomar mais chá de gengibre.

E, assim ela seguiu seu destino, tentando conversar com as palavras e animá-las a permanecer na folha de papel da pequena agenda cor-de-rosa... E ainda, teria que convencer as reticências aguadas num desassossego a permanecerem no final...

Vanice Zimerman, IWA

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