A morte de Che Guevara...
No dia 9 de Outubro de 1967, nas selvas bolivianas acabou a aventura revolucionária de Ernesto Rafael Guevara de La Serna, dito Che, emboscado e morto pelas tropas do General ditador Barrientos, numa tarde de domingo, no calor da selva boliviana, juntamente com mais seis membros de seu minúsculo grupo que lutava para implantar a revolução esquerdista também naquele país.
Alberto Korda um fotógrafo europeu, imortalizou a figura de Guevara numa das fotos mais famosa do mundo, e é nela que jovens do mundo todo espelharam e ainda o fazem, com sua rebeldias, ao ver no revolucionário o ícone perfeito para o sentimento de mudanças idealizado, principalmente quando existia forte e com poder de decisão os governos comunistas, antes da derrocada parcial em 1989.
O que fica de Che são suas idéias relacionadas com o coletivismo estatal dando prioridade para o bem comum e se por um lado podem-se louvar na lembrança do guerrilheiro estas idéias que sobrepõem à superioridade da burguesia, o bem comum como finalidade de uma luta, analisando a fundo sua vida, não foi a única razão de seu viver.
Não podemos justificar o bem estar de um povo, com execuções promovidas pelos governantes a título de limpeza social.
Os combatentes de Fulgencio Batista, ex presidente, e todos aqueles que eram contra o regime comunista foram executados por decretos de Guevara, foi uma personalidade expoente no século xx, um ídolo com seguidores sabedores de suas ações públicas, e ignorantes inocentes de como se faz uma revolução, pois longe do romantismo aparente, o morticínio é a paga dos derrotados, mata-se por decreto e banham-se de sangue o solo pátrio a titulo de purificar o poder recém constituído, muitas vezes com um regime que traiu o povo, como em Cuba, dos comandantes barbudos.
Em plena tribuna das nações unidas Che Guevara afirmou em alto e bom som...
__ Execuções? Sim, continuaremos executando inimigos em Cuba, para consolidar a revolução...
É impossível não relacionar a aversão pelo comunismo com a queda do regime no mundo, porque vemos uma discreta desilusão da velha guarda com os sonhos de Che, e uma aparente ignorância de quem foi Che, pelos mais jovens, hoje antenados em outros ídolos e valores que não vêem mais motivo para luta por um pedaço de chão para plantar, mas muitas vezes vendo a sua sobrevivência na educação que lhe garantirá o amanhã sem sobressaltos, e o que de fato existe é um clima completamente desfavorável para o que era buscado nos anos 60 do século passado.
As armas e os uniformes militares que encantavam outras gerações foram trocados pela voz, e se existe resistência ao poder do povo, este tem a mão ditatorial de algum megalomaníaco adormecido no tempo, e que cedo ou tarde ajoelha-se a vontade popular.
Acho que a figura de Che como idealista foi a mais encorajadora de todos os tempos, porém singularmente estética, mas a visão que temos de um vitorioso revolucionário, que necessariamente tinha que impor uma limpeza social não nos convence da sua humanidade, temos que admitir que Che foi uma genocida, digno de sentar em que qualquer tribunal internacional para crimes de guerra e contra a humanidade. Não foi diferente de Karadzic, Ceausescu, Pol Pot, Idi Amim, Hussein, Videla, Hitler e tantos outros carniceiros que usaram uma guerra para liquidar seres humanos inocentes e indefesos.
Talvez isso justifique a forma cruel de como foi morto, pelas forças bolivianas e pela Companhia de Inteligência Americana, a necessidade premente de cessar o caminho de um criminoso de guerra, resultou na morte do mito guerrilheiro.
Fica o mito, lembrado em cada 9 de Outubro, mas cada vez menos, assim como quer a humanidade esquecer o regime que ele tentou espalhar pelo planeta, cujo único bem seria igualar os seres humanos, mas que nem isso conseguiu fazer senão com banhos de sangue, florescendo rancores em guerras sem fim.
Che morreu como muitos de cidadãos cubanos sob seus cuidados, presos e depois mortos e não como muitos pensam ter acontecido no calor do combate. Foi justiçado como todos aqueles que morreram em Cuba, sem a mínima possibilidade de defesa.
