Eu o vi.
Heroi sim senhor.
Valente sim senhor.
Ficou viúvo e sofreu com o atropelamento da mãe de seus 4 pirralhos sem esboçar uma só maldição.
Deixou a obra e o salário mínimo de ajudante de pedreiro pra ser catador de papelão e do que mais surgisse pela frente.
Hoje ganha mais e carrega a criançada pra onde vai.
Não abriu mão de seus filhos.
Não os deixou com vizinhos.
Não pede cesta básica em gabinete de vereador.
Não vende seu voto nem negocia seus princípios.
Não discute política nem combate religião de ninguém.
Leva e traz o mais velho até a porta da escola, porque filho seu não vai ser adotado por traficante de merda.
E vai ser desse jeito com os outros quando chegar a hora de estudar.
Fica bravo quando alguém diz que vai arranjar uma bolsa disso ou daquilo, porque não é aleijado e não depende de esmola.
Só sei que o vi e muito me comoveu tê-lo visto na fila do caixa, no Extra-Raposo, justamente na noite de domingo de páscoa.
Ele e seus quatro filhos.
Pobres sim senhor.
Humildes sim senhor.
Negros sim senhor.
Mas acima de tudo honrados e comovidamente cidadãos.
Eu os vi e os deixo como exemplos para muita gente que gastou uma fortuna com ovos caros e esqueceu que ser pai vai muito além do que se pode comprar.
O que realmente vale quase sempre está em falta nos lares de hoje.
Eis o desastre, porque o que realmente vale não tem dinheiro no mundo que compre...
São Paulo, 09 de abril de 2012 – 22h40