08-LEMBRANÇAS DE TORRINHA.
ROMEU CERIONI –VÔ ROMEU.
A seleções do READER’S DIGEST, tinha, não sei se ainda tem, uma de suas publicações: o meu tipo inesquecível.O meu sem dúvida nenhuma, é o vô Romeu.
O meu nome já é uma homenagem a ele , sou Neto. José Romeu Cerioni Neto.
Vivi até os dez anos, quando ele nos deixou, praticamente grudado nele.
Era Gerente da Cooperativa Banco de Torrinha.Foi Vereador. E hoje é nome de uma praça lá de Torrinha.
Morava em uma casa na Rua XV de Novembro, com um enorme quintal, com pés de pêssegos, maçãs, pêras, limas, laranjas, mexericas, uma enorme parreira de uvas e na frente um jardim, ele a Donana, Zé Braidotti e Tia Jenny.
Era ai que após o seu expediente no Banco ele cuidava do pomar e das flores do jardim.Eu aprendendo e ajudando.
Colocava-se ossos de boi em um buraco apropriado para isso e com um pau triturava-se os ossos para depois colocá-los nas parreiras de uvas.
Todas as tardes molhava-se o jardim com uma mangueira e tirava-se os matos das plantas.
Muitas vezes o vi fazendo enxertos nas roseiras para ver rosas com tonalidades diferentes.
O jardim tinha Dálias, Rosas, Hortênsias e um lindo caramanchão, com bancos de madeiras, onde sentávamos e conversávamos muito.Começou ali o meu gosto pelas plantas e flores, que dura até hoje.
Ali aprendi muito.E fui ficando cada vez mais ligado a ele.
Torrinha tinha um cinema. As vezes íamos juntos.Ele assistia só à parte antes do filme onde tinha os noticiários e quando o filme ia começar, despedia-se de mim e ia embora para casa. Eu ficava até o final.Começou aí o meu gosto pelo cinema e filmes que dura até hoje.
Toda sexta-feira à tarde, ele vinha para São Paulo e voltava no domingo à noite.
Eu ia esperá-lo na estação que ficava uns 50 metros da minha casa.
Ele sempre me trazia alguma lembrança.Na maioria das vezes um livro.Às vezes com dedicatória.Começou ali o meu gosto pela leitura, que dura até hoje.
Quando ele morreu, dia 2 de novembro de 1957, a casa encheu de gente de todas as partes da cidade e de fora também.
Lembro-me que meu pai tinha ficado no quarto dele por muitos dias, quando ele já não estava bem, deitado em uma cadeira de lona que se usava muito naquela época.
Nesse dia meu pai tinha saído do quarto para descansar em um outro.Eu fui o encarregado de dar a notícia a ele.Foi à primeira vez que eu vi meu pai chorar.
E eu como tinha na cabeça que homem não chora fiquei me remoendo até que minha tia Lygia me disse: “Sei que você esta com vontade, chore” e abriu os braços para mim .
Foi muito difícil ficar sem ele, mas isso me aproximou mais de meu pai que foi substituindo-o paulatinamente e ficando cada vez mais além de pai o meu grande amigo.