CRÔNICA #003
O MAIS BELO ESPETÁCULO JAMAIS VISTO
Objeto voador não identificado – OVNI.
Está aí um assunto pra lá de polêmico! Opiniões divididas, sem um denominador comum, principalmente referente à veracidade e à sua origem. Não me deterei em detalhes dessas teorias, pois certamente, não é o objeto deste meu artigo.
No entanto, o que passo a relatar é algo do qual fui testemunha ocular. Foi interessantíssimo. Algo inesquecível. Pena que isto não tenha sido notificado pelos canais de televisão da época, pelo menos, uma linha em algum jornal ou alguma revista especializada ou não no assunto. Notadamente, apenas as pessoas que habitam no campo ou chácaras suburbanas teve o privilégio de, como eu, testemunhar este evento cósmico. Mas, o que me conforta é saber que centenas de milhares viram o que vi.
Tudo aconteceu numa noite de Julho de 1966. Eu estava jantando em casa de meus avós, à luz de candeeiro, na vila de Missão Nova (hoje, Vila Joaca Rolim), distrito de Missão Velha, sul do Estado do Ceará, distante de Fortaleza uns 500km, em torno de 420 metros acima do nível do mar. Como todos municípios da região, encravado no Vale do Cariri, ao sopé da Chapada do Araripe (900 – 960m NM). Era por volta das 5 e meia da tarde, preparação para o crepúsculo. Enquanto eu jantava, fui atraído por um alarido de crianças e adultos que ia aumentando em número e grau de intensidade. Já durava uns 15 minutos e aquilo continuava e me perturbou a tal ponto de abandonar o jantar para ver do que se tratava. Quando cheguei ao terreiro, lá fora, lamentei não ter saído logo ao ouvir o primeiro gripo. Que maravilha! Que espetáculo! Nem Hollywood conseguiria reproduzir a cena que pude vislumbrar – como nesta foto, vindo do sul, por cima da Chapada do Araripe, rumo norte, sobrevoando nosso céu, centena de milhares de bólidos celestes, em cores mutantes, de brilho intenso. Fascinante!
Um desespero tomou conta das pessoas ali presentes – “É o fim do mundo!”, diziam. Era gente pedindo perdão, outros rezavam e choravam em voz alta. Era um transtorno sem dimensão. Eu simplesmente estava maravilhado diante de raro espetáculo natural. Ou seria sobrenatural? Alguém gritou: “São discos voadores. Eles vão nos pegar. O que será de nós? Ai meu Deus!”. Nessa época as estações de rádio tocavam a música Disco Voador, hoje regravada por Sérgio Reis. Eu não cria que fossem discos voadores. Sempre fui céptico em relação àquele assunto. Pensava: “_ Devida haver uma explicação lógica para tudo isso que está acontecendo. Não vou descansar enquanto não descobrir.” – prometi para mim mesmo”.
Enquanto isso, os bólidos celestes, cumpriam sua trajetória sula ao norte. Cobriam toda abóbada celeste naqueles movimentos de translação, em brilho furta-cor. Depois foram se afastando da Chapada até desaparecerem no horizonte norte. Alguém diria - “Um show de estrelas cadentes”. Mas, para mim, foi mais que isso.
Em Março de 1973, a imprensa anunciava a descoberta do cometa Koroutek e preparavam os ânimos das pessoas para o esperar e ver sem medo, para que não acontecesse o descontrole emocional registrado na passagem do cometa de Halley. Quanto eu li que umas das coisas que antecedem a passagem de um cometa pela terra, é uma chuva de meteoro ao crepúsculo, eu gritei: “Eureka! Então foi isso! Tudo estava desvendado”.
O que vimos em julho de 1966 foi nada mais que um raro espetáculo que antecedeu o aparecimento do cometa Tempel-Tuttle, um de poeira interplanetária, restos das partículas deixadas por este astro, em sua trajetória ao redor do Sol. Durante algumas horas, a maior parte destas partículas chocou-se com a atmosfera superior da Terra, à velocidade de 71 quilômetros por segundo.
No nascente, o cometa era muito brilhante, sua calda ocupava um quadrante da abóbada celeste; lembrava uma palha de coqueiro branca. Seu núcleo, no horizonte, aparentava o tamanho duas vezes maior que o sol, tendo o seu aparecimento próximo ao nascer do sol, começando às cinco e meia, atingindo o brilho máximo às seis, quando o sol saía e roubava-lhe a cena com sua luz ofuscante e intensa. Aqueles foram, sem dúvida, os mais belos espetáculos que já vi em toda a minha vida.