Outro terremoto assolou o Haiti, mal se passou uma semana do tremor que pôs o país literalmente abaixo. Em ruínas ele já vivia antes de tudo isso, porque lá a miséria parece que é de lei. Mas a contagem dos mortos e feridos, ao que tudo indica, irá ultrapassar as piores expectativas. E os sobreviventes, dadas as condições caóticas que se instalaram, não se sabe até quando continuarão vivos, porque os feridos carecem de cuidados que, até aqui, são insuficientes e os demais já estão se matando na disputa por água e comida. Seria esse um dos sinais do Apocalipse? Será que o extermínio deste mundo, enfim, de fato se consumará? Fui correndo consultar as escrituras para relembrar todos os sinais, como meio de encontrar alguma indicação de quanto tempo ainda nos resta. Afinal, há dívidas que penso ser melhor deixar para lá e, por outro lado, há muito hedonismo que ainda não desfrutei. Porém, meu esforço foi em vão. Pelo que notei, os tais sinais do Apocalipse são algo tão corriqueiro na vida deste planeta, que se reprisam de tempos em tempos e contemporaneamente não é diferente. Já perdi a conta de quantos “fins de mundo” foram anunciados, desde que me conheço por gente. Afora aqueles que foram vaticinados em diversas épocas passadas, antes mesmo de eu nascer. Será que Nostradamus desenhou alguma conjunção de astros que diga isso de forma clara? Os Maias, ou os Incas, ou os Punks, ou os Emos já não registraram por aí suas próprias previsões da hecatombe derradeira? Sei lá! A resposta pode estar com alguma obscura vidente nos confins da Croácia ou será divulgada sem alarde na próxima sessão no terreiro do Pai de Santo aí de sua esquina. O que interessa é que o mundo se solidarize de verdade e tente auxiliar os pobres haitianos. Quanto aos demais sinais do Apocalipse, duvido que as guerras cessem e que os doidivanas pregadores que existam pelo mundo, assim como os falsos profetas, sejam caçados, calados e punidos. De minha parte, pelo sim pelo não, procurarei viver mais intensamente e fazer esta existência valer a pena. É bem melhor do que ficar esperando a extinção chegar.