Hoje, acordei contente! E isso, como diria Vinícius de Moraes, “porque hoje é sábado”! O sábado, sem a menor sombra de dúvida, é o dia mais charmoso da semana. Ele tem um quê de mistério que nenhum outro dia tem. Afinal, foi no sétimo dia que Deus descansou após a criação do universo e tudo que nele há. E, até onde sei, há uma celeuma danada por aí tentando decidir se o tal sétimo dia era domingo ou sábado. Respeito a fé de todo mundo mas, como não tenho pendores religiosos, sinceramente, nem me lancei a pesquisas mais profundas e prefiro, sim, que o sábado resguarde essa crise de identidade porque isso o torna bem original. Além disso, o sábado é o amanhã da sexta-feira. E pouco importa se a noite de sexta é reservada a baladas ou fantasias, a encantos ou bruxarias; a cervejas ou putarias. Tem farra familiar e vadiagem mais ou menos despudorada para todo gosto e, seja ele qual for, o sábado está sempre ali, de braços abertos para acolher os resquícios e destroços do que sobrou da noite anterior. Não bastasse isso, o sábado é um “avant-première” do domingo e, assim, é como um santuário que acolhe mansamente o pecado da preguiça, resguardando o indolente pecador de qualquer culpa. E, sem nenhum demérito à macarronada dominical de mães, sogras, avós ou tias, o sábado pontua o sacrossanto dia de enfrentar uma bela e suculenta feijoada – com caipirinha e tudo! Por fim, o sábado tem outras tantas vantagens que o domingo tem e muito mais, com o bônus de não carregar a torpe ameaça de que o dia seguinte será segunda-feira. Para muitos, sábado é dia de lavar o carro, ou de ir à feira comer pastel, ou de levar a criançada para passear, ou de fazer amor no motel, ou simplesmente, como eu, ver nele sempre um belo dia convenientemente apropriado para não se fazer absolutamente nada! Bem! Acabei de profanar meu “dolce far niente” produzindo esta elegia ao sábado. Agora, peço licença, pois vou passar o resto do dia coçando o precioso! Um bom sábado a todos!