Consciência negra
Aqui em São Paulo e em outros tantos municípios Brasil afora, hoje é feriado. Comemora-se o Dia da Consciência Negra.
Sou absolutamente contra o feriado! Aliás, não só este, mas uma série sem fim de datas em que este país é paralisado em nome disso ou daquilo e que, na verdade, só serve para atravancar o andamento da nação. Há feriados demais numa terra onde há muito por se fazer. No fim das contas, a adesão ao que essa quantidade insana de feriados invoca é pífia e a população só vê nisso mais uma oportunidade para o ócio, nada mais. Sem nenhum favor à retórica, o contrário do sentido de dia útil, nesses casos, são dias praticamente inúteis.
Entretanto, tenho tudo – absolutamente tudo! - a favor do sentido que a data de hoje representa. É um momento de séria reflexão e que os brasileiros não poderiam tratar, como fazem em sua maioria, com indiferença e desfaçatez. No nosso caso deveria representar uma expressão legítima de afirmação de cidadania.
A influência das culturas africanas no Brasil têm um peso e relevância evidentes. Esta nação foi forjada num processo de ampla miscigenação e nosso povo, em função disso, possui uma proporção tal de negros, mulatos e pardos que é até um absurdo que, ainda hoje, existam traços, posturas e manifestações de racismo injustificáveis.
Nisto que aqui digo, nada há de hipocrisia. Ao contrário, é uma questão de autoafirmação. Eu mesmo tenho em minha genealogia um pé na senzala. É de todo irrelevante que a cor de minha pele não traduza isso de forma explícita. E o Brasil, como um todo, deveria ter esta mesma consciência e ver nisso um motivo de orgulho. Aliás, é para estimular tal consciência que o dia de hoje está marcado como data comemorativa.
Esperemos que chegue o dia em que, afinal, todos nós possamos dizer de boca cheia que temos consciência disso.
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