Foi com alguma ansiedade que assisti no calendário a aproximação da sugestiva data de nove de setembro de dois mil e nove – nove do nove do zero nove, para os íntimos! Essa insinuante sequência de noves pareceu-me ter algo significativo a registrar. Na noite da véspera, aguardei que o ponteiro do relógio chegasse à meia-noite para assistir os efeitos da data sendo inaugurada. Mas não aconteceu nada! Então, fui deitar-me e programei para ser despertado no momento da alvorada, imaginando que o evento singular – fosse ele qual fosse – ocorreria com a chegada dos primeiros raios de sol. Porém, também nada aconteceu, a não ser um acesso infindável de bocejos de quem dormira tão pouco como eu fiz. Fui vasculhar na Internet o que havia acontecido em 01/01/01, 02/02/02 e, assim por diante até 08/08/08, tentando identificar algum padrão que me pudesse clarear o sentido do que deveria ser desvendado. Todavia, depois dessa intensa e profunda pesquisa nas malhas do tempo, a impressionante conclusão foi de que, entra ano, sai ano, o Brasil e o mundo parece que continuam a mesma coisa de sempre, com ligeiras variações. Eu já estava me preparando para consultar algum numerólogo. Afinal, tomados os noves da data em questão, certamente, se somados, multiplicados, subtraídos e divididos – noves fora! – isso deveria redundar na descoberta de algum mistério qualquer. Entretanto, algo me veio em mente que acabou dissipando qualquer interesse em prosseguir. O tal do nove, nove, nove, se não é o número da besta de cabeça para baixo, provavelmente estava me fazendo de besta à toa – e isso em qualquer posição. Afinal, essa data é fruto exclusivo meramente da contagem do Calendário Gregoriano, que substituiu com modificações o Calendário Juliano, que, da mesma forma, o fez com o Calendário Romano, que não substituiu nada, mas já estava mais do que atrasado ou descompassado, se considerados os Calendários Judaico, Chinês, Egípcio, Asteca, Maia e sei lá mais quantos que possam ter existido. Acabei simplesmente confirmando o que Drummond já havia, há muito, constatado: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias... foi um indivíduo genial.” E, na minha ótica específica, porque proporcionou a todos nós essa esperança de que, de fato, algo possa acontecer, só porque o tempo passa e sem que tenhamos que fazer absolutamente nada. Ah! Que bom seria se fosse assim!