Aboiolaram o Drácula!
Provavelmente muitos já ouviram falar ou tomaram contato com a obra intitulada “Crepúsculo”. Não li o livro, mas vi o filme. Salvo melhores opiniões do que as minhas – e elas existem aos montes – tudo é entretenimento para adolescentes ou almas de singela melosidade. Porém, não sou dado a fazer resenhas – a não ser que eu goste muito do que tenha visto – e , justo agora, não abriria uma exceção. O que me chamou a atenção foi aquilo que supostamente deu um toque de originalidade na trama: aboiolaram o Drácula!
Vejam só a que ponto chegamos! Alguém concebeu vampiros bonzinhos e que são dados a ser politicamente corretos. Onde já se viu? Agora os vampiros são vegetarianos e não se escondem mais durante o dia; acharam um jeito de cobrir a pele das criaturas com algum tipo de protetor solar de grau “cento e cinquenta”. Até apareceu uma donzela que estava muito a fim de, literalmente, dar o sangue por uma relação com um deles. Mas, pelo jeito, se o jovem vampiro se acostumou com verduras e legumes, não me parece gostar muito da fruta. Só faltou se transformar em borboleta ao invés de morcego. Fico pensando o que virá depois disso...
Já imaginou? O lobisomem há de extirpar toda a pelagem do corpo e irá fazer “merchandising” de cera depilatória. Nas noites de lua cheia, deverá fazer serenatas com algum grupo vocal chamado “A matilha dos seresteiros”, uivando por aí em coro para deleite dos corações apaixonados. Talvez até abra uma “pet shop” que faça banho e tosa de animais.
A múmia, depois de intenso tratamento com “peeling” e botox, deixará as ataduras de lado e terá um “talk show” na televisão, concorrendo em pé de igualdade com Hebe Camargo e Ana Maria Braga. Frankstein, torturado pela angústia de ter sido criado pela junção de partes de corpos de cadáveres, enfim, se livrará do que seja dispensável, mudará de sexo e assumira ser transexual, fazendo promoção da Parada do Orgulho Gay mundo afora. Com inveja, o Monstro do Lago Ness entrará para o Green Peace engajando-se na luta pela despoluição das águas planetárias.
Se a moda pega, nós brasileiros também haveremos de nos alinhar com ela. Daremos uma prótese ao Saci Pererê, enquadraremos o Boto Cor-de-rosa por assédio sexual e a Curupira passará a ser destaque em carro alegórico de escola de samba. A bem da verdade, na vida real, os fantasmas que assombravam a humanidade foram para o Senado em Brasília e arrumaram boquinhas como assessores de nossos parlamentares.
Ah! Nestes dias de hoje já não se respeita mais nada. Não há mito que resista a uma era que esculhamba com tudo! Que será de nós?