Anjos aspiram por libertarem-se. Anjos negros como a noite escura, e a escuridão é a essência da qual germina a luz que evidencia todos os males. Não são anjos,em sua pureza etérea eles não existem, são demônios e fazem de mim inferno, inconformados que eu os possua querem eles me possuir, a atormentarem, sádicos, minha frágil razão.
Nesse dias em que eu mergulho na minha mais profunda escuridão e tento enxergar minha alma,e me aventuro a indagar o que há de verdadeiramente mim no eu, o vazio, eterna chama, parece queimar-me mais intenso, arde num desejo absoluto de desejar.
É quando o mundo a minha volta já não me atrai nem me desperta. Dentro de mim a um tudo e um todo tão singulares, intrigantes e instigantes que não consigo fugir ao fascínio que me causam. Nesse momento, então, meu ódio só é tão voraz quanto o meu amor, e me consomem em par, inteira.
De repente uma forte dor me toma. Uma dor aguda. Uma dor que transpassa o âmago de minhas angústias e a sinto também eu meu corpo, como se o mal-ser de dentro de mim se externasse em um mal-estar.
Sequer me atrevo a desejar a morte, sono eterno, pois, se ao dormir também nos vem o inconsciente à consciência torturar-nos com os nossos medos, na morte, então, viria o escárnio por tal covardia.
Há dias em que me perco, me desconstruo, me desespero...