A física quântica aplicada ao preparo de bolinhos de chuva
Estava eu aqui, em plena sexta-feira de um feriado emendado, sem bulhufas para fazer; lá fora um frio danado e um chuvisco chato, chato... Nada mais propício do que isso, portanto, para se apreciar bolinhos de chuva. Porém, nunca os havia preparado e, assim, corri à Internet para buscar uma receita de modo a fazê-los.
Notei que os ingredientes são poucos e simples e, assim, o preparo também não deveria ser nenhum desafio. Contudo, deparei-me com uma verdadeira odisséia.
O primeiro entrave foi decifrar os enigmas contidos na descrição dos ingredientes. O que seria uma “pitada de sal”? Quanto de sal há numa pitada? Também não é de se considerar como algo fácil separar “cerca de meia xícara de chá de leite”. Qual a quantidade que representa “cerca” de metade de alguma coisa?
Avançando para a análise do preparo, outras incógnitas surgiram. Longo tempo passei divagando sobre os “dois ovos ligeiramente batidos”. Isso quer dizer que os ovos devem ser batidos de forma ligeira ou que o ato deva ser feito de forma superficial? No fim, tudo desembocou na façanha de identificar o momento de levar a massa à fritura, já que isso deveria ocorrer quando ela estivesse “no ponto”. Sabe Deus quando é isso!!!
Imediatamente, diante da aflitiva situação, me veio à lembrança o “Princípio da incerteza de Heisenberg”, que é preceito basilar da mecânica quântica, parte importante da física moderna e que diz:
“O produto da incerteza associada ao valor de uma coordenada xi e a incerteza associada ao seu correspondente momento linear pi não pode ser inferior, em grandeza, à constante de Planck normalizada.”.
Ah! Daí tudo ficou muito mais claro! Ou seja, joga um pouco de cada coisa na tigela e mexe. O resultado vai ser bom se der certo.
Conclusão: preciso estudar mais física quântica. Meus bolinhos de chuva foram um desastre!