Ah! Quando tudo parece perdido, sempre há uma esperança!. Linda frase, né! Só que não é bem sobre isso que estou falando. Há poucas semanas juntei os cacarecos com minha nova consorte. Chamá-la de “com sorte” depois que ela resolveu viver comigo é até um contra-senso. Mas deixemos para falar disso numa outra oportunidade. Acontece que, dividir espaço com mais alguém é algo muito complicado. É uma circunstância que subverte totalmente as bases de qualquer organização doméstica. No meu caso, em específico, melhor dizer “desorganização doméstica”. Tudo bem que agora tem alguém com quem eu possa dividir a vida. Mas – por Deus do céu! – desde que ela chegou nada mais parece que fica no mesmo lugar. Não encontro minhas coisas onde antes elas ficavam e, ainda, encontro outras que passaram a ocupar os nichos que outrora serviam para que eu empilhasse, enfurnasse, escamoteasse, enfim, camuflasse minha eterna e sagrada bagunça. Por exemplo, dias atrás, fui preparar o jantar e, para minha surpresa, não encontrei o arroz onde ele sempre ficou por aqui. E toca a revirar tudo. Olhei em todo canto, inclusive embaixo da pia do banheiro e dentro do congelador. Fiquei invocando São Longuinho pela casa enquanto pulava como um Saci. Eis que, já me dando por derrotado e pensando em esquentar uma lasanha, resolvi tomar um café. Bingo! Lá estava o arroz e café, que é bom, só pude tomar depois que ela chegou em casa, porque o mesmo já tinha sido trasladado para outro departamento, também. Achei por bem que tivéssemos uma conversa a respeito disso. E ela, com aquela sapiência intuitiva que faz parte do pacote de toda figura feminina, me explicou que o problema ultrapassava o fato de sua recente mudança para esta casa. Simplesmente, eu é que não estou acostumado a ver as coisas organizadas. Ou seja, o que para mim parece uma confusão, é a bagunça organizada. Eu pensei que tudo parecia perdido, mas na verdade, quem estava perdido era eu. Ainda bem que ela chegou para me salvar!