A noite, lá fora, lambe a janela enquanto o céu se escancara em chuva. Um perfume de tédio no ar preenche o ambiente.
A tevê continua se exibindo à toa para ausência de espectadores à sua frente. Vagamente deixou escapar, entre uma mentira e outra da programação, que as cervejas precisam ser bebidas, os automóveis esperam por ser dirigidos e as pessoas não vivem sem se usarem e estarão fora de moda, caso não se descartem sistematicamente.
Quis voltar à leitura daquele livro, mas estacionei meu interesse em algum local tão ermo de originalidade e estilo, que parece que foi guinchado para o páteo do esquecimento.
A redenção talvez seja a internet, o grande templo virtual onde se cultuam todas as santas panacéias da humanidade. Enfim, o socialismo se consumou pra valer e, justamente, na troca de idéias, a tal ponto, que já foram trocadas todas e, agora, são só as mesmas de sempre sendo passadas de clique em clique. Não é mais necessário combater a perniciosa livre iniciativa de pensar ou a criatividade privada, porque o povo já pode comemorar o copiar-colar sem distinção de classes.
Ainda bem que existe a música. Aqui ela só desfila em sumárias indumentárias instrumentais, porque despida de vozes que possam lhe embaçar a pureza.
Resumindo: falta sexo nesta casa!