DIFERENTES DOS IGUAIS - BVIW
Por volta dos seis anos de idade, assisti “A Ponta”. Era tradição no Natal passar na TV. O desenho conta a história de Óblio, um menino que vivia em um lugarejo onde os habitantes tinham uma ponta na cabeça, menos ele. Essa peculiaridade se tornou um problema e um desencanto para o menino. Apesar da ausência da ponta, ele era muito querido, despertando inveja no conde mau. Com a desculpa de que Óblio era um fora da lei por ter a cabeça redonda, o garoto ficou exilado na floresta. Após muito tempo ignorado, sendo acusado de atípico, certo dia o menino amanheceu e notou que a sua cabeça estava pontiaguda. Havia crescido a tão desejada ponta. Era o sonho dele ser igual. Para surpresa de Óblio, quando se tornou igual a todo mundo, as pontas dos outros desapareceram, de modo que voltou a ser o único morador discordante.
Lembro-me de ter ficado incomodada com esse desfecho, e procurava encontrar uma resposta para o autor ter criado um final tão desolador. A cada ano, porém, eu já mais crescidinha, fui tendo uma melhor compreensão da mensagem, e amei ainda mais o enredo. Entendi que não adianta tentarmos mudar por nada nem por ninguém. E que é preciso aceitação do jeito que somos, e não querer agradar as outras pessoas, porque o sofrimento só terá fim quando nos importarmos mais com o nosso bem-estar que com as rejeições, os ciúmes ou as críticas externas.
Mais um ano se aproxima do fim, e a gente sempre torce para que o mundo melhore todo dia, e esteja livre de preconceitos, invejas e ofensas. E que os diferentes sejam iguais.
Tema proposto pelo BVIW - Desencanto
(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").