É impressionante o que as pessoas são capazes de fazer para que sua imagem ilibada perante os outros seja preservada, quantos cadáveres escondem debaixo do colchão e dormem tranquilamente pois tais fantasmas estão bem presos e guardados.
Vendem sua alma para manterem sua imagem intacta.
Vivem tão profundamente presos ao castelo de areia que construíram que forçam todos a sua volta a confirmarem suas posições.
Quando se está em tal lugar, ali você não é fulano, você é filho de sicrano, irmão de beltrano, parente do raio que o parta, assim você tem que pensar, ao fazer, falar, andar, respirar, que seus atos e ações não vão atingir a si, mas a quem seu nome está ligado e a reputação desse alguém vale mais do que sua própria vida, mesmo esse alguém não sendo um quintuplo do que os outros pensam ser ou sendo muito pior do que se pode imaginar.
Nada é mais importante que manter a personagem criada fora dos olhares curiosos e acima de qualquer suspeita.
Subjuga-se a si e o outro em prol de um enredo criado com o único intuito de se manter seguro de si mesmo.
Creio que se perguntado quem é, já tem um script pronto para responder, com palavras e conceitos vazios ditos apenas para confirmar a persona inventada.
Perde-se sua identidade, sua consciência, sua moral, tudo para manter a máscara da boa reputação social criada.
Viver nesse meio é cruel e só há dois caminhos a seguir, assumir para si o papel de manter o enredo em funcionamento e aprimora-lo formando sua própria reputação, sendo espelho da que te antecede, ou esconder-se para não ser a vergonha da família e assim manchar a imagem daqueles que te deram a vida.
Em todos os casos deixa-se de ser você para viver em função do que foi criado para você, mesmo fugindo foge-se de si mesmo, um oruborus infinito que nesse caso não retrata a evolução, mas o eterno looping de atos e ações para manter intacta a roda da reputação.