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PREDADORES
A terra começou a tremer e a nave estava pendurada à beira de um desfilareiro. Camila pensou rápido, o que quer que tivesse acontecendo poderia derrubar todos metros abaixo. Voltou para dentro da nave à procura de um painel de controle que permitisse acessar o sistema de I.A. Entrou com os devidos códigos de segurança e estabeleceu o protocolo de emergência de quebra de hibernação. Lá fora o tremor aumentava, como numa onda. E ela aguardou os primeiros colegas que saíam das cápsulas de hibernação. Surgiu primeiro Lucius, ela indicou-lhe a saída e ficou aguardando. Depois, Sam e Gabriele. O tremor aumentava e ela não podia mais esperar. Por último veio Petrus, e ela resolveu sair com eles enquanto havia tempo. Pegaram alguns kits de exploração de solo antes de prosseguir.
Saíram pelo rombo na fuselagem para aquele platô em que ela estivera antes, aguardando mais pessoas saírem. Enquanto isso, tentavam entender o que estava acontecendo. Perceberam uma poeira no horizonte e algo como uma tempestade de areia vindo. Doutora Pierce conseguiu sair da nave e eles a chamaram para o platô. A nuvem de tempestade se aproximava, então eles puderam ver formas na base da nuvem. Não era uma nuvem: era um estouro de manada! Animais enormes, como os extintos elefantes do Museu de História Natural, corriam em bando em direção a eles. O choque das toneladas de patas revolvia o sedimento, fazendo a nave deslizar para o desfiladeiro.
Naomi e Finn saíram por último, antes que a nave escorregasse de modo irreversível. Ouviram o impacto no fundo do desfiladeiro, e torceram que os demais tivessem sobrevivido.
A manada corria desesperadamente em direção ao grupo, e eles torceram para que o pequeno platô fosse elevado o suficiente para mantê-los a salvo. Os primeiros animais a chegarem, movidos pela inércia, caiam do desfiladeiro, morrendo ao montes lá embaixo. A parte de trás da manada, porém, fez uma curva e retornou, evitando o perigo de queda.
Eram animais enormes, com grandes presas, quadrúpedes. Camila se lembrou das ossadas no vale: o crânio era semelhante, mas o tamanho era bem reduzido em relação ao esqueleto no vale. De que estariam correndo? – ela pensou. Camila pegou um binóculo na mochila para observar melhor o fenômeno.
Foi quando viram o enxame se aproximando, no encalço da manada: animais semelhantes a insetos, grandes como bolas de futebol, alcançavam os grandes animais e como uma massa uniforme os cobriam e matavam, deixando para trás apenas carcaças ensangüentadas. Camila passou o binóculo para os outros e falou:
- Temos que sair daqui, vejam!!!
Horrorizado, o grupo começou a se desesperar: como sair dali? Se descessem, seriam esmagados; se ficassem, seriam devorados. Finn sugeriu:
- Subam nesses bichos! Se eles estão correndo para algum lugar devem conhecer a saída!
- É uma bobagem essa sua ideia! Nós não vamos conseguir! – disse Lucius.
- Não temos escolha. Vamos! – Naomi esperou um dos animais passar e calculou o salto de barriga, se agarrando nos pelos para não cair.
Um a um eles a seguiram, torcendo para dar certo. Lucius foi o último, deixando para a última hora, já com os insetóides à vista. Deu um grito e foi.
A massa de insetos engolia os grandes animais como se fossem nada, já partindo para o próximo. A demora de Lucius lhe custou caro: um dos insetos pulou sobre ele, e ele precisou se defender com seu braço robótico. O insetoide agarrou a peça com força, arrancando-a fora do membro amputado. E então algo estranho aconteceu: a massa de criaturas se amontoou sobre o braço robótico, estraçalhando-o, enquanto os grandes animais fugiam livremente...