Amo amigo e Cordelista Mestre Carlos Azevedo.
Minas norte encontro
Quintais embandeirados
Cantoria aflorada
Nos cordéis da alma caminhar
Serras azuis sinuosas
Chaminés em nobres palhoças
O aboio nos lábios sedentos
Plantar sonhos nas labaredas do tempo
Encontro de vertentes do sol
Filhos da lua no colo do vento.
Vidas assanhadas
Debulhar acordes na saga
No Jequi tem peixe
No norte o sertão teimoso
Da lenha o feixe
Cerrado fruto ouro no chão
Pequi do caboclo
A carne é charque é sol
Porteiras abertas estrada serpentear
Suor do catrumano no seio do arrebol.
Tem ponteios no ar
Sintonia da busca
E o libertar de si
Olhares e pensamentos
Criação no relento
Uma onda e outra onda
De uma prosa à outra
De um canto ao outro
De um cordel ao outro
De uma saudade à outra.
E lá ouvidos atentos
Uma canção que eu quero
Uma notícia de alguém
Tem festa no povoado!
Em qual povoado?
Ah! Alto Belo...Olhos D’água?
Olha a Folia de Reis...
O coração sem mágoa.
Minas nos montes
Claros montes...Montes Claros
Gorjeio da passarada
Encantos do sol mirante
Orvalho manhã relva molhada
Caboclo orgulhoso
Pés no chão catrumano
O aboio de a alma vibrar
Berrantes do tempo assopro
Arrepios de eu brotar.
Nas altitudes dos mistérios
O linguajar trigueiro
Da nascente à foz da vida
O embrenhar nas matas versejar
Do amanhecer de sagas
Nas Sextilhas e décimas
Na voz do cantador
Os acordes de tempos idos
Um infinito de canções destemidas
No colo de um sonhador.
Antônio Augusto Azevedo
Soldado da Banda do Batalhão
Trovador e seresteiro
Amante da canção
A seu lado Valquíria Aguiar Azevedo
Mulher de fibra daquele rincão
Deu a luz a Carlos Azevedo
Mestre, Poeta, cabra bão
Apresentador renomado
E incansável guardião.
Nosso Canto da Terra
Terra sagrada quinhão
Do plantio ao querer
Há sempre um pedaço de chão
Terra, fruto, carne e unha
Canto da terra nossa paixão
Ser assim norte mineiro
Plantador de emoção
Por esse Brasil inteiro
Nosso canto da Terra Sertão!